A região Norte conta, desde ontem, com o Centro de Estudos de Risco da Universidade do Porto (CERUP) para investigar e reduzir os efeitos dos riscos de ordem natural ou associados à actividade humana. Está sedeado na Faculdade de Engenharia da UP, mas a sua composição abrange diversas faculdades e entidades não académicas que lidam com os riscos, o património e o ordenamento.

Criado no âmbito do programa Noé, que financia projectos inovadores na área do património cultural e dos riscos naturais, o CERUP tem como objectivo facilitar a “integração e partilha de dados de forma a minimizar os vários riscos”, explicou o director do Departamento de Engenharia Civil da FEUP (onde ficará sedeado o centro), Ferreira Lemos. “É uma iniciativa da mais alta importância para o país”, disse a governadora civil do Porto, Isabel Oneto, ontem, na apresentação do centro.

O centro pretende produzir estudos e investigação em áreas como a gestão de riscos em centros históricos e litoral, bem como fazer propostas às instâncias competentes para a adopção de medidas de consciencialização e minimização dos riscos.

Tal será feito através da ligação de vários grupos de conhecimento até aqui dispersos pela UP e pelo diálogo entre a universidade e outras entidades. Neste momento, são membros do CERUP a Câmara Municipal do Porto (CMP), o Instituto da Água, a Administração dos Portos do Douro e Leixões, o Instituto Português do Património Arquitectónico, a Associação Florestal de Portugal e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.

O CERUP apoia-se em nove subprojectos já existentes, que deverão estar concluídos até ao final de 2007. Entre eles, está, em parceria com a Câmara do Porto, o estudo do risco de deslizamento de terrenos na escarpa do Douro entre as pontes Luíz I e Maria Pia. A criação de um centro ibérico de previsões meteorológicas e um estudo de riscos para a Argélia são outros projectos já em curso, ambos em parceria com entidades espanholas.

Neste momento, só as faculdades de Letras, Engenharia e Ciências estão envolvidas no CERUP, mas, como adiantou ao JPN Ferreira Lemos, é provável que a faculdade de Economia e outras se juntem ao projecto. Durante a apresentação, o reitor da UP, Novais Barbosa, dirigiu-se ao homólogo da Universidade de Coimbra, Seabra Santos, a assistir na audiência, sugerindo uma eventual extensão em rede do centro de estudos.

Sampaio Pimentel, do pelouro das Actividades Económicas e Protecção Civil da CMP, considerou ser “extraordinariamente positivo reunir no mesmo projecto o meio empresarial, universidades e decisores políticos”. Também o reitor da UP salientou a importância do CERUP por permitir que “as fronteiras da universidade se esbatam e que ela se estenda a um conjunto de entidades”.

Pedro Rios
prr @ icicom.up.pt
Foto: Museu do Douro