Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Livingston criaram em 1963 a banda que viria a colocar a Jamaica no mapa. Com o intuito de divulgar e combater o clima de crise política e pobreza vigentes no país, os Wailers (na foto) tornaram-se, ao longo do tempo, o símbolo internacional do reggae, cujas raízes moldaram e consolidaram como som nacional jamaicano.

A banda, que toca hoje, quinta-feira, na Casa da Música, acompanha muitos outros bastiões do reggae num festival que dura até amanhã. Foi nos anos 70 que se internacionalizaram, então já só com Marley na liderança, através do álbum “Natty Dread”, em se incluíam temas míticos como “I Shot the Sheriff” e “No Woman no Cry”, que os popularizaram nos Estados Unidos.

Com Bob Marley à cabeça, a mensagem e sonoridade do grupo viriam a ter repercussões políticas não só na Jamaica, como também em vários países africanos, nomeadamente a Etiópia, donde proveio a religião rastafari.

Precedendo os Wailers, actuam também hoje os Jamaican All Stars, considerados os aristocratas da velha escola do reggae e compostos por vários músicos lendários que ajudaram o definir o reggae como é actualmente. Entre compositores e produtores da música jamaicana dos anos 60, encontram-se também músicos da Alpha Boys, escola de Kingston que originou estilos como o ska e o rocksteady, que não deverão faltar no espectáculo de hoje.

Já amanhã o festival entra na sua vertente dub, devido aos Zion Train, cujo novo disco não deve tardar a ser editado, mas sobretudo pela presença de Mad Professor, discípulo de Lee “Scratch” Perry, e precursor do dub já em 1982, ano em que inicava as suas incursões sonoras com recurso ao digital. Produtor de renome, já remisturou álbuns para bandas tão díspares como Massive Attack, Beastie Boys ou Jamiroquai. A sua editora, Ariwa, comemora 25 anos de existência, tantos quantos passaram desde a morte de Marley.

Os bilhetes para os dois dias do festival, cujos concertos começam às 22h, custam 20 euros ou 15 euros (um dia).

André Sá
Foto: DR