A Federação Académica do Porto (FAP) não quer o fim das bolsas a fundo perdido. A FAP pede a demissão do presidente do Conselho Nacional para a Acção Social para o Ensino Superior (CNASES), na sequência das declarações de Vasco Garcia sobre a implementação de um sistema de empréstimos aos estudantes universitários.

“A minha opinião é que se pode passar a um sistema em que, em vez de se darem bolsas a fundo perdido, devem-se fazer empréstimos aos alunos. Esses seriam pagos quando começassem a trabalhar”, explica ao JPN Vasco Garcia.

No caso do recém-licenciado não arranjar emprego ou ter um trabalho precário que o impossibilite de pagar o crédito, o presidente do CNASES sugere que o dinheiro das bolsas seja “guardado num fundo de garantia” para salvaguardar “os casos mais complicados”. De acordo com as contas de Vasco Garcia, “as taxas de insucesso no reembolso não excederiam os 20% no pior dos casos”.

A sugestão do ex-reitor da Universidade dos Açores surge numa altura em que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior já anunciou a extinção do CNASES. “Tem de se dar uma solução ao sistema, senão corre-se o risco de uma ruptura financeira e o assunto não pode ser esquecido no futuro”, avisa o presidente do CNASES.

Em comunicado de imprensa, divulgado ontem, a FAP reagiu contra as declarações do presidente da Acção Social para o Superior. A federação pediu a demissão de Vasco Garcia e exigiu uma clarificação da posição do MCTES.

Vasco Garcia desvaloriza a exigência da FAP, até porque “o CNASES está em vias de ser extinto”. Por outro lado, considera “normal a reacção dos estudantes porque é mais fácil receber de mão beijada e não ter que reembolsar”, diz.

O ex-reitor acrescenta que só quer “ajudar os alunos” porque “80% das bolsas atribuídas aos estudantes carenciados correspondem ao escalão mais baixo, ou seja, o valor é baixo ou muito baixo”.

Carina Branco
Foto: SXC