Os anos passaram mas as recordações continuam lá bem marcadas. Nova Iorque é seguramente uma cidade diferente daquilo que era antes do 11 de Setembro, mas não esqueceu o “dia mais triste dos Estados Unidos da América”, como classificou na altura o presidente George W. Bush. Quem teve a oportunidade de visitar a capital financeira dos EUA pós-11/9 rapidamente se apercebe que os norte-americanos não querem – nem conseguem – esquecer aquele dia.

Em quase todas as lojas há postais e camisolas com as imagens das Torres Gémeas. Ao virar da esquina, vendedores ambulantes vendem fotografias daqueles que eram um dos símbolos de Nova Iorque. Paredes transformadas em memoriais repletos de frases e flores não é difícil encontrar. Os livros sobre o tema também não faltam.

Apagar da memória aquele fatídico dia é, de facto, uma tarefa quase impossível tal a quantidade de lembranças que se espalham pela cidade. “Pode ser um pouco cruel, mas foi mais cruel ainda para aqueles que se encontravam nas torres. Por isso temos necessidade de o recordar todos os dias”, dizia um familiar de uma vítima dos atentados numa reportagem transmitida há alguns dias na televisão Fox.

Na zona do “Ground Zero”, ou do World Trade Center como muitos preferem chamar, ainda permanecem alguns destroços das torres que a cidade parece ter feito questão que permanecessem até que se iniciem as obras para a construção de novos edifícios. Na vedação que rodeia aquele espaço estão afixados placares com a lista dos nomes de todas as vítimas, fotografias impressionantes e até uma cronologia detalhada dos acontecimentos.

Paradoxalmente ou não, os nova-iorquinos parecem não querer olhar nem sequer aproximar-se daquele espaço. Passam ali como se aquilo não existisse. Só mesmo os turistas, curiosos, observam as imagens e tiram fotografias.

A atmosfera que se vive no “Ground Zero” é incrivelmente diferente de tudo o resto. O rebuliço de Nova Iorque parece não passar por lá e o barulho característico dá lugar a um silêncio arrepiante. Como se aquele lugar não fizesse parte de Nova Iorque. Como se houvesse duas cidades: Nova Iorque, de um lado, e o “Ground Zero”, do outro.

Texto e foto: João Queiroz