O afastamento de Sofia Saldanha, uma das mais antigas e conhecidas animadoras da Rádio Universitária do Minho (RUM), e a filosofia editorial da actual direcção da rádio estão a ser alvo de críticas.

A suspensão dos programas de Saldanha originou uma petição lançada na internet, intitulada “A RUM é dos ouvintes” – contava esta manhã com mais de 300 subscritores – para exprimir “indignação face ao rumo que este órgão de comunicação vem a levar nos últimos anos”.

A RUM é cada vez menos um “projecto independente, irreverente e inovador”, diz a petição, lançada por Pedro Guimarães, amigo de Sofia Saldanha. O que começou por ser um acto de amizade, ironicamente assinado como Comissão dos Utentes da RUM, tornou-se numa “bola de neve”, observa ao JPN o fotógrafo de Braga, ex-aluno na Universidade do Minho.

Para Guimarães, a “rádio independente está a caminhar para uma rádio regional de carácter comercial”. “Já chega de erros estratégicos, despedimentos ‘necessários’ e castrações culturais”, lê-se no documento.

Sofia Saldanha afirma não lhe ter sido dada nenhuma explicação para o seu afastamento. “Apenas me disseram, por e-mail, que desrespeitava a rádio e os meus colegas, mas não explicaram mais nada”, declarou ao JPN.

Em declarações ao “Jornal de Notícias” de ontem, o director da RUM considerou “descabidas” e “deturpadas” as críticas enunciadas na petição. Vasco Leão explicou que Sofia Saldanha “não cumpriu com as regras básicas do regulamento interno da RUM”, desmentindo a existência de qualquer mal-estar no seio da rádio. O JPN tentou sem sucesso contactar Vasco Leão.

A antiga animadora da RUM, que mantinha programas como o diário “Agora Aconteceu”, o semanal “Dicionário” e o programa de continuidade da noite, pertencia à rádio universitária desde 1992. Afastou-se da emissora em 2001 e só voltou em 2005, já na actual direcção. “A rádio é a minha casa. Tenho uma ligação muito forte com a RUM”, confessa.

Sofia Saldanha acredita que as mudanças de perfil na rádio são saudáveis, mas diz que, neste caso, não melhoraram a competência da RUM. “Sou completamente alheia a essa petição. Mas acho que as pessoas se se querem exprimir, devem-no fazer”, afirma.

Esta manhã, a ex-animadora da RUM, não sabia o que foi decidido na reunião do Conselho de Administração de quarta-feira, em que terão sido discutidos os motivos do seu afastamento.

Joana Vasconcelos
lj04035 @ icicom.up.pt
Pedro Rios
prr @ icicom.up.pt
Foto: Arquivo JPN