Assemelha-se à Wikipédia mas diferencia-se num ponto que faz toda a diferença para os “ciberdissidentes”: codifica a origem dos autores das mensagens, facilitando a denúncia de situações antidemocráticas e o armazenamento de documentos comprometedores para os regimes autoritários.

Chama-se Wikileaks e deverá estar disponível entre Fevereiro e Março. A equipa (22 pessoas, entre elas dissidentes, matemáticos e criptógrafos, cuja identidade permanece secreta) pretendia manter o “site” incógnito mas nos últimos dias o número de referências no Google disparou.

“A Wikileaks está-se a tornar, como planeado, se bem que inesperadamente mais cedo, um movimento internacional de pessoas que promovem a fuga de informações ética e o governo aberto”, afirmou James Chen, da Wikileaks, ao “Washington Post”.

Os “interesses primários” da equipa são os “regimes opressivas na Ásia, na ex-URSS, a África subsariana e o Médio Oriente, mas queremos ajudar também os cidadãos ocidentais que querem revelar comportamentos não éticos dos seus governos e empresas”, lê-se no “site”.

A Wikileaks baseia-se na lógica da Wikipedia, mas esconde o “rasto” do autor de determinada entrada. Noutro tipo de “sites”, a origem dos documentos e e-mails colocados na Internet pode ser detectada, o que complica a luta contra regimes ditatoriais. A Wikileaks já recebeu mais de um milhão de documentos.

A lógica aberta do serviço levantou questões quanto à autenticidade e credibilidade dos documentos que albergará. Porém, a Wikileaks responde com o mesmo argumento que sustenta a Wikipedia: a informação falsa ou incorrecta será corrigida por outros utilizadores.

Pedro Rios
prr @ icicom.up.pt
Foto: Ricardo Fortunato/Arquivo JPN