Estima-se que exista cerca de uma centena de alunos com necessidades educativas especiais na Universidade do Porto (UP). Mas os números são incertos, já que uma grande parte desiste ao longo do ano. São alunos com necessidades específicas – precisam, por isso mesmo, de um método de trabalho diferente.

A Faculdade de Letras da UP (FLUP) tem neste momento 25 estudantes com necessidades educativas especiais. Entre eles encontram-se os alunos portadores de deficiência.

Letras é a faculdade que recebe mais jovens com deficiência da UP, mas as instalações não estão totalmente adaptadas. Elevadores lentos ou avariados, rampas inclinadas, piso escorregadio e departamentos com acesso exclusivo através de escadas são apenas algumas das queixas dos alunos.

A responsável pelo Serviço de Apoio ao Estudante com Deficiência da UP, Alice Ribeiro, admite que as condições não são as ideais. “Ainda há imensos problemas. Não podemos dizer que temos todas as condições para receber estes estudantes porque isso não é verdade”, reconhece. No entanto, relembra que têm sido feitas mudanças. “Desde a altura em que começámos até hoje as coisas evoluíram bastante”.

“Uma boa parte daquilo que as pessoas precisam para estudar passa pelo gabinete, o que traz muitas complicações, porque o que cada aluno precisa é sempre imensa coisa e nós somos três funcionários e trabalhamos em muitas outras áreas”, lamenta. “Contamos com um grupo de voluntários. Sem eles não conseguiríamos dar resposta a todos os pedidos. Mesmo assim, não conseguimos”.

Apesar das dificuldades, o serviço tem obtido resultados. Alice Ribeiro diz que apesar dos “problemas estruturais muito complicados de resolver”, “a universidade tem-se preocupado em diminuir as barreiras arquitectónicas”.

Recentemente foram feitas algumas modificações. As casas de banho foram adaptadas, os balcões da biblioteca rebaixados e o elevador da biblioteca vai ser posto em funcionamento em breve.

O edifício da FLUP não foi construído a pensar na acessibilidade aos jovens com deficiência. Os problemas que faltam resolver implicam verbas avultadas, por isso terão de ser resolvidos a longo prazo.

No entanto, muitos edifícios construídos recentemnte apresentam lacunas. Os Serviços de Acção Social da Universidade do Porto construíram uma residência universitária perto da FLUP. O Serviço de Apoio ao Estudante com Deficiência fez uma visita à residência e sugeriu algumas modificações. O problema é que cada aluno tem necessidades específicas e quando entram na faculdade têm pouco tempo e encontram muita burocracia para resolver a questão.

Serviço de Apoio ao Estudante com Deficiência da UP

Em 1995, a Faculdade de Letras da Universidade do Porto criou o Serviço de Apoio ao Estudante com Deficiência da UP para ajudar alunos deficientes e com necessidades educativas especiais. Em 2000, este serviço foi alargado às restantes faculdades da UP.

A principal actividade desenvolvida neste serviço é a produção de informação em suporte alternativo. Dirigido especialmente a estudantes invisuais, este trabalho é indispensável para se conseguir igualdade entre os alunos. Os jovens com deficiência são muitas vezes prejudicados pelas faculdades, apesar de estarem protegidos pela lei.

Outro tema explorado pelo gabinete é a acessibilidade. Contudo, este caso é mais complicado, uma vez que implica custos elevados. A UP começa agora a investir nas infra-estruturas, mas os estudantes deficientes continuam a representar uma minoria.

O Serviço de Apoio ao Estudante com Deficiência trata de outro assunto fundamental: o acompanhamento dos professores. As universidades não têm planos de formação para professores, o que leva a que estes possam cometer erros com os alunos deficientes.

Texto e foto: Carina Barcelos
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