O Instituto de Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto (IBMC) está envolvido num projecto europeu para tentar produzir hidrogénio de uma forma mais limpa e barata. Os resultados poderão contribuir para diminuir a dependência do petróleo, já que o preço elevado do hidrogénio é ainda um entrave à sua utilização.

O projecto “BioModularH2”, liderado pela investigadora Paula Tamagnini, pretende desenvolver uma forma inovadora de retirar hidrogénio das cianobactérias, mais conhecidas por algas azuis.

As cianobactérias (um exemplo na foto) são pequenos seres unicelulares que vivem na água. Têm uma “enzima que consome hidrogénio, mas que, sujeita a algumas condições, faz exactamente o contrário, ou seja, produz hidrogénio”, explica ao JPN Júlio Borlido Santos, responsável pelo núcleo de cultura científica do IBMC.

Será através da biologia sintética que os investigadores tentarão melhorar artificialmente o rendimento natural das cianobactérias na produção de hidrogénio. Júlio Borlido Santos explica que as cianobactérias serão modificadas de forma a serem como um “chassis de um carro”.

As cianobactérias modificadas serão capazes de “receber módulos e componentes” de maneira a tornar a produção de hidrogénio mais eficiente. O processo é alimentado pela luz solar. “O objectivo é tentar produzir hidrogénio de uma forma muito limpa. É uma tecnologia não poluente”, aponta.

Resultados em três anos

“Hoje em dia ainda se gasta muito dinheiro para produzir hidrogénio. Este projecto pretende fazer com que a produção de hidrogénio fique mais barata”, esclarece Borlido Santos. Expectativas? Conseguir produzir estes componentes e que, “ao fim de três anos, isto venha a ter uma aplicabilidade real e eficiente”.

“O hidrogénio já é uma das energias alternativas em que mais se aposta. Por exemplo, é usado em alguns autocarros no Porto. Se conseguirmos produzi-lo de uma forma mais barata, outros veículos poderão circular assim”, aponta.

O grupo que integra este projecto já trabalha “há bastantes anos com a produção de hidrogénio em algumas algas e cianobactérias”. O projecto está inserido no programa de Investigação e Desenvolvimento de Células de Combustível e Hidrogénio da União Europeia.

Os investigadores do IBMC vão unir esforços com outras instituições europeias e uma israelita. A École Polytechnique (França), a Universidad Politecnica de Valencia (Espanha), a Uppsala Universitet (Suécia) e a University of Sheffield (Reino Unido) são instituições que integram o programa.

Alice Barcellos
ljcc05011 @ icicom.up.pt
Foto: DR