Como forma de protesto contra a precariedade, o movimento MayDay queimou recibos verdes este sábado, em frente ao café “Piolho”, no Porto. Para José Soeiro, um dos organizadores, os recibos verdes “são o símbolo maior da precariedade em Portugal”. De acordo com o deputado do Bloco de Esquerda, os mais afectados são os jovens que “trabalham a recibos verdes, a fazer estágios não remunerados ou com contratos a prazo”.

O organizador ressalva a importância de uma acção de protesto que pretende, não só chamar a atenção para o problema, como também “dar voz aos trabalhadores precários”.

António Pinho trabalha a recibos verdes “há demasiados anos” e este protesto “é o único primeiro momento em que se faz alguma coisa. Este momento significa que a sociedade portuguesa não é burra”, destaca.

“Se baterem o pé todos juntos o mundo pode tremer”

O MayDay é uma parada “contra a precariedade” que decorre no dia 1 de Maio, com o objectivo de promover o encontro entre as pessoas que vivem nessa realidade . Desde a estreia em Milão (2001), o MayDay tem-se multiplicado por todo o mundo. Em 2007, a iniciativa MayDay chegou a Lisboa, repetindo-se em 2008. Em 2009, chegou também ao Porto. O MayDay “está a juntar e a consciencializar gente. É um processo em que os precários acordam e se rebelam e mostram que estão vivos e não estão calados, assinala José Soeiro.

Durante o protesto, não faltaram apelos a uma maior “justiça social”. Algo que passa pelo “fim dos recibos verdes” e consequentemente “por transmitir mais segurança para os portugueses porque o país não funciona sem força laboral”, adianta António Pinho ao JPN.

“Isto é uma despolitização”

Mas nem todos concordam com a forma de luta proposta pelo MayDay. Maria Antunes estava presente na Queima e considera que o protesto foi “uma palhaçada”. “Concordo com o protesto, mas não com a forma como está a ser feito. Isto é burlesco, porque a situação politica é tão grave e estão a brincar às revoluções”, afirma.

O local escolhido não foi, para Maria Antunes, o mais indicado. “Aqui não estão os trabalhadores. Estão meia dúzia de pessoas que estão sempre no mesmo sitio”. O correcto seria “ir aos bairros explicar a situação. Ir onde estão os trabalhadores”, adianta Maria Antunes.