Desde 14 de março – e até ao próximo domingo -, que a Mostra da Universidade do Porto ocupa novamente o Pavilhão Rosa Mota. Milhares de alunos do ensino secundário vêm conhecer as saídas profissionais oferecidas pela Universidade do Porto (UP). Mas o estado do mercado de emprego também importa. Há muita ou pouca oferta? O JPN foi falar com alguns dos cursos da UP.

As Artes

“Toda a gente que se está a formar tem sempre a expectativa de, no fim, ter um emprego na área”, diz Isabel Gonçalves, representante da Faculdade de Belas Artes (FBAUP). Já os interessados que passam pela banca de Belas Artes procuram, sobretudo, uma forma de aprender e expressar os seus dons na área da pintura e escultura. Aliás, no fim, “muitos dos alunos seguem o que gostam porque quando entram para a faculdade ainda não têm muito a noção da realidade”, explica Isabel.

Design com mais procura

Dos dois cursos oferecidos pela faculdade, Design de Comunicação é o curso mais procurado, embora Isabel Gonçalves acredite que Artes Plásticas seja uma área que “mistura tudo”. Dentro das Artes Plásticas, é o ramo da Multimédia que mais conquista.

Na maior parte dos casos, os pais são os mais preocupados e são eles a perguntar sobre o mercado do trabalho. A representante da FBAUP manteve-se otimista, acreditando que os alunos que saem de Belas Artes “podem não arranjar trabalho a tempo inteiro mas vão sendo procurados, com os contactos que fazem no dia-a-dia”.

Arquitetura, da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, é um dos cursos de artes que tem registado maior taxa de emigração nos últimos anos, depois da quebra nos investimentos ter diminuído o trabalho. No entanto, na banca do curso, o JPN falou com Luís Viegas, professor, que revelou que hoje, “o trabalho do arquiteto já não se relaciona só com a construção”. Gestão de projetos, design e comunicação são algumas das saídas profissionais que o curso de Arquitetura oferece.

As Humanidades

Já no corredor das Ciências Sociais e Humanas, o JPN abordou História e Filosofia. “A nossa situação não é substancialmente muito diferente da maioria dos cursos. E não apenas em Ciências Sociais e Humanas”, conta Amélia Polónia, presidente do departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).

Os recém-licenciados em História estão, neste momento, a encontrar pouca recetividade no mercado de trabalho – tanto em carreiras de ensino como de investigação – esta última hipótese tem registado maior procura e o curso tem-se adotado um pouco à tendência.

“Há uns anos atrás – e com a questão das novas oportunidades -, a taxa de empregabilidade de História era espantosamente alta”, lembra. Agora, apesar da situação estar complicada para História no mercado do emprego, Amélia Polónia diz, no entanto, que a maior parte dos alunos encontram emprego, mesmo que não seja a trabalhar na sua área de especialidade.

Saídas Profissionais em Filosofia

Um dos exemplos de Rui Baldaque é o dos “filósofos residentes junto a hospitais”, que dão apoio dentro da área da Filosofia, lamentado que em Portugal isto não aconteça. Outros são a carreira diplomática, a comunicação e o ensino, ao mesmo tempo que se tem assistido, em Portugal, à conjugação da filosofia com o empreendedorismo.

Para Rui Baldaque, professor de Filosofia na FLUP, a empregabilidade é “um problema geral”. “Por outro lado, deve-se dizer que nos tempos de crise económica e civilizacional, a filosofia é um recurso que se acaba por impor”, diz. O objetivo do curso não é “que as pessoas tenham a sua empregabilidade como filósofos”, no entanto, dá exemplos de saídas profissionais que, em alguns países estrangeiros, têm feito sucesso.

A Engenharia

A área das Engenharias é aquela a que ainda se associa uma taxa de empregabilidade aceitável. No entanto, não é bem assim para todas as especializações. A Engenharia Civil, por exemplo, também sentiu os efeitos da crise económica portuguesa. “É um curso com muita empregabilidade, mas não tanto como há uns anos atrás”, refere Fábio Paiva, licenciado em Engenharia Civil e atualmente a fazer o doutoramento. Para Jorge Henriques, também licenciado na área, a solução deixa de ser a construção de raiz e passa pela recuperação daquilo que está já feito. “Há que reabilitar o que já estava construído e apostar na internacionalização”, defende.

E o fator emprego, pesa muito na escolha da Engenharia? “É inevitável pensar em emprego quando se escolhe um curso”, refere Jorge Henriques. No entanto, “quem entra só a pensar no emprego não terá sucesso. É preciso ter vocação”, afirma Anabela Cancela, funcionária na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

A Medicina

Mas também em Medicina, a questão do emprego certo é “um mito que está a desaparecer”, afirma Pedro Madureira, representante da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina da UP (AEFMUP). Os visitantes “ainda não têm a perceção da falta de emprego mas, no futuro, vão haver problemas nesse aspeto”, explica Salomão Fernandes, também da AEFMUP. E estes problemas resultam precisamente da ideia de que a medicina garante emprego: gerou-se um “boom” nas vagas para os cursos da área e, brevemente, a “oferta vai ultrapassar a procura”, diz Pedro.

Seja Medicina, Engenharia, Artes ou Humanidades, os alunos que visitam a Mostra da Universidade do Porto acabam por escolher os cursos que mais apreciam. Como alguém disse, para a maioria, ainda é cedo para pensar em emprego.