O Postcrossing foi criado em 2005, a partir de uma ideia original de Paulo Magalhães, um engenheiro informático natural de Oliveira de Azeméis. Ana Campos, que também esteve envolvida no desenvolvimento do site desde o primeiro dia, explica que tudo começou como uma simples brincadeira entre amigos: Paulo achou que “se se juntassem todos e trocassem postais entre si, resolviam o problema uns dos outros” e aumentavam as respetivas coleções.

Paulo e Ana nunca fizeram qualquer tipo de publicidade ao Postcrossing, que foi crescendo através do “passa-palavra” promovido por aqueles que o foram descobrindo e decidiram juntar-se também à iniciativa.

O “casal Postcrossing”

Norbert Venzke e Maren Hahs são alemães e juntaram-se ao Postcrossing em 2007. Hoje em dia, estão em segundo e terceiro lugar do ranking de utilizadores com mais postais enviados e recebidos através do site: cerca de 12 mil cada um. O casal diz que o que mais gosta sobre a sua experiência no projeto é “a sua aleatoriedade, o seu inesperado” e que “é tão bom receber postais como enviá-los” e “poder realizar os pequenos sonhos das pessoas”. Graças ao Postcrossing, Norbert até já teve uma experiência fantástica: reencontrou, totalmente por acaso, um amigo com o qual tinha perdido o contacto há 17 anos.

Quase nove anos depois, o site é utilizado por quase 500 mil pessoas em 222 países diferentes e já permitiu que mais de 22 milhões de postais fossem enviados e chegassem ao seu destino. “Em média, a cada cinco segundos há um postal a ser recebido por causa desta brincadeira.”, conta Ana. “É muito gratificante, é muito maior do que nós. Eu nem tenho palavras para explicar”.

A pouco e pouco, o Postcrossing acabou por crescer tanto que se tornou num empreendimento a tempo inteiro. E quando os primeiros utilizadores do site começaram a sentir necessidade de ter um fórum que lhes permitisse interagir de outras formas, Paulo e Ana decidiram convidar alguns dos membros mais ativos para os auxiliar nesse novo empreendimento.

“Uma boa maneira de viajar sem sair da minha poltrona”

Vicki Crawford foi a primeira a juntar-se a essa equipa. Quando leu sobre o Postcrossing num fórum sobre livros, ficou de imediato interessada. “A ideia dos postais intrigou-me logo”, relembra. “Contactar com alguém no mundo através de um postal e ficar a conhecer algo sobre a pessoa e o seu país pareceu-me uma boa maneira de viajar sem sair da minha poltrona”, garante, “e através deles [dos postais] tenho literalmente explorado o mundo através de imagens, línguas, comida e tradições”.

Para Paula Ribeiro, outra das moderadoras do fórum, a experiência tem sido extremamente positiva. A única portuguesa na equipa Postcrossing começou a trocar postais “só na desportiva, para ver como era” e rapidamente se tornou fã. Hoje, mais de sete anos depois de ter recebido o primeiro postal, só tem palavras positivas sobre a iniciativa.

Oito anos após ter descoberto o Postcrossing, Vicki já conseguiu juntar mais de dois mil postais e garante: “Sinto-me tão animada por receber um postal quanto me sentia no início”. A australiana, que foi a terceira pessoa no seu país a aderir ao projeto, diz que “parte do encanto do Postcrossing é que nunca saber de onde virá o próximo postal”. “Muitas vezes, vou pesquisar sobre os locais para saber mais sobre eles e ver onde ficam no mapa”. conta.

Também Ana, que para além de ter ajudado a criar o site o utiliza como qualquer outro membro, concorda que a experiência nunca se torna trivial. Quando se colecionam muitos postais, torna-se difícil escolher aquele de que se gosta mais. No entanto, Ana tem um sempre bem presente na memória: o primeiro que recebeu – e que de certa forma acabou por mudar a sua vida também.

Vale a pena para receber “uns sorrisinhos na caixa do correio”

Também Swantje Willms, outra das “super moderadoras” do fórum Postcrossing, sabe que a sua vida já não seria a mesma se não tivesse decidido juntar-se a este site. Para ela, o melhor de tudo é “a excitação de receber algo bonito de alguém que nem sequer se conhece”, bem como o poder de “escrever um postal de volta e proporcionar essa mesma experiência a outra pessoa também”.

“O Postcrossing trouxe o mundo todo para muito mais perto de nós e eu acho isso muito importante”, diz Ana. Paula Ribeiro também tem uma certeza: o preço de um postal e de um selo compensam largamente o seu custo.

Ainda que já tenham conseguido muitas coisas que nunca tinham pensado ser possíveis, Paulo Magalhães e Ana Campos guardam sempre espaço para sonhar mais alto: “O Postcrossing não foi feito de raiz para as escolas e portanto os professores têm algumas dificuldades em usar o processo, mas é uma ferramenta que se adequa perfeitamente e que tem bastante valor no ensino.”, confessa Ana. “Nós gostávamos de fazer alguma coisa especificamente para crianças e para escolas. Talvez o futuro passe por aí.”