“Estamos a arriscar a nossa vida a troco de nada”, considera Margarida Silva. Em entrevista ao JornalismoPortoNet, a responsável da Quercus e coordenadora do grupo de Estudos Ambientais da Universidade Católica do Porto afirmou que os alimentos transgénicos têm vários inconvenientes. Um deles é a inexistência de testes que mostrem os seus efeitos nas nossas vidas. “Os transgénicos são alimentos que representam uma caixa preta em termos de impacto na saúde. Não sabemos sequer pegar num transgénico e ver se ele vai causar alergias. Não sabemos se alguém morreu por causa deles. As chances são como a roleta russa: pode dar certo ou errado”, garantiu a bióloga.

Actualmente, é obrigatória a rotulagem de alimentos que têm mais de 1% de transgénicos. Mas, para Margarida Silvaa rotulagem é ineficaz. “Ela só nos permite distinguir entre alimentos muito contaminados ou pouco contaminados. Não dá ao consumidor uma verdadeira escolha”, refere. Por outro lado, a coordenadora de Estudos Ambientais da Universidade Católica acrescenta que existem produtos que podem ter transgénicos sem sabermos. “A carne, o leite e os ovos de animais alimentados com rações transgénicas não estão rotuladas. No caso do leite, somos consumidores indirectos de transgénicos”, afirmou a bióloga.

Para Margarida Silva, os portugueses não estão esclarecidos sobre o tema. Por isso, deixa o aviso dos produtos que normalmente podem conter transgénicos: “cereais da manhã, bolachas, chocolates, pizzas, hamburguers. Tudo que normalmente tem soja e milho”.

Portugal já produziu milho transgénico em 1999. Neste momento, apenas importa e distribui. Margarida Silva revela que Portugal só tinha autorização de produção durante um ano. “A autorização foi suspensa pelo Ministério da Agricultura, porque chegou à conclusão que não tinha condições laboratoriais, técnicas e humanas para fazer o acompanhamento de culturas transgénicas em Portugal”, afirma a representante da Quercus.

Margarida Silva é também responsável pela plataforma “Transgénicos fora do prato”, que tem o objectivo de pressionar os ministérios da Agricultura e do Ambiente, no sentido de tomarem decisões concretas em relação ao tema.

Daniel Vaz

FOTO: JornalismoPortoNet