Mitrovica e Caglavica foram ontem palco de violentos confrontos entre habitantes de origem albanesa e sérvia. A violência começou com um incidente da responsabilidade de sérvios que resultou na morte de duas crianças albanesas. Estas mortes terão provocado a raiva da maioria albanesa contra a minoria sérvia no Kosovo.

Os incidentes são os mais graves dos últimos quatro anos. Segundo os últimos dados avançados pela agência Lusa, 22 pessoas morreram e 500 ficaram feridas. Entre os feridos contam-se onze soldados franceses da KFOR, a força de paz da NATO no Kosovo.

Escolas religiosas da igreja ortodoxa sérvia e várias casas de sérvios foram incendiadas por albaneses. Autocarros transportando albaneses armados para atacar sérvios deslocaram-se para Mitrovica. Em resposta, na Sérvia, várias mesquitas e edifícios islâmicos foram apedrejados e incendiados. As forças da KFOR e da ONU tentaram reestabelecer a ordem, mas tiveram dificuldades em conter a raiva das duas facções.

Segundo notícia avançada pela Reuters, a NATO enviou mais 700 soldados para o Kosovo, a somar aos 17.500 já no terreno. Num comunicado distribuído em Bruxelas, Javier Solana, o alto representante da União Europeia para a política externa, apelou à KFOR e à ONU para restabelecer a paz. A KFOR impôs já o recolher obrigatório às sete da tarde locais.

Os confrontos marcam o regresso da violência ao Kosovo, província da Sérvia e Montenegro. O Kosovo está sob o controlo da ONU desde o final do conflito sérvio-albanês de 1998-99. A província continua na dependência da Sérvia, mas cerca de 90% dos kosovares são de origem albanesa.

Desde 1946, ano da anexação do Kosovo à Sérvia, que as lutas étnicas mancham de sangue o quotidiano da região. O último comunicado da NATO diz que a “violência ameaça o progresso recente do diálogo político entre Pristina e Belgrado.”

Pedro Rios