Três sessões paralelas à volta das três variantes do mesmo curso à mesma hora, mas em três locais diferentes. Nas primeiras jornadas da licenciatura de Jornalismo e Ciências da Comunicação, Vasco Ribeiro, professor no curso na área de Assessoria da Comunicação lançou a possibilidade de uma entidade reguladora na área.

Para quem, como José Menezes da Fundação Serralves, afirma trabalhar naquilo que gosta, a definição de assessor de comunicação é, fundamentalmente, “um intermediário entre o jornalista, as fontes e os meios”. Se o jornalista é o mediador entre o público e as fontes, o trabalho de assessoria é anterior, um trabalho que permite o acesso à informação.

O trabalho de José Menezes enquanto assessor de Serralves é promover as actividades culturais. Uma área que fascina o antigo estudante de Relações Internacionais que saiu da faculdade para o Diário Económico. O encontro com assessoria tem uma explicação simples: “financeiramente era mais interessante que o jornalismo”.

Apesar da mudança de rumo, a passagem pelo jornalismo fez com que, hoje em dia, José Menezes acredite que “o bom percurso para o assessor de imprensa passa pelo jornalismo”.

A opinião é partilhada por Rodrigo Viana de Freitas da empresa de assessoria Central de Informação. “O facto de ter passado pelos ‘media’ permitiu-me perceber o que é notícia”, diz.

Aliás, a tónica nos valores notícia e a preocupação em prender a atenção do jornalista através de informações com interesse para as redacções é apontada como uma técnica fundamental na assessoria da comunicação, opina Rodrigo Viana de Freitas.

Promoção da comunicação

Numa actividade em que o contacto com a imprensa é essencial, o conhecimento dos meios de comunicação tanto generalistas como especializados e, em especial, com os redactores principais das áreas em questão são tarefas essenciais para a promoção dos produtos ou serviços para venda.

A fronteira entre vendedores e assessores é muitas vezes ambígua. Contudo, os profissionais do sector afirmam a sua especificidade. As funções de um assessor passam muito pela promoção e divulgação da empresa, mas os intervenientes são unânimes: o assessor é um comunicador, não um vendedor.

“Sempre pensei que o relacionamento entre assessores e jornalistas era pouco sério, baseado numa relação forçada em que os assessores eram vistos como alguém que tenta vender algo que não queremos comprar”, confessa o responsável pela Central de Informação. Rodrigo Viana de Freitas, licenciado em jornalismo e jornalista durante vários anos acolhe, agora, um projecto de assessoria que considera “único”. “A nossa imagem junto da comunicação social é fundamental mais do que a nossa imagem junto dos nossos clientes”, refere.

Um pouco à margem destes percursos está Teresa Mendes, da 25 Rãs Marketing e Publicidade, uma publicitária formada em Economia que não deixa de assinalar a importância do trabalho de assessoria. Para a 25 Rãs, a assessoria da comunicação revela-se vital na mediatização de eventos e projectos ligados aos clientes da empresa.

A questão da regulamentação

As reflexões em torno de Assessoria da Comunicação não deixaram de lançar perspectivas para o futuro da profissão. Se é verdade que a profissionalização da actividade de assessoria é quase unânime, questões como uma entidade reguladora ou a falta de Código Deontológico recolhem concepções diversas.

“Era bom haver uma associação, mas um código era complicado porque nem toda a gente sente e vê as coisas da mesma forma”, afirma José Menezes.

A regulamentação de uma área em que é possível lidar com uma variedade de serviços e produtos é uma opção crítica. De facto, potenciar a comunicação de uma multiplicidade de empresas, potencia igualmente uma variedade de sensibilidades difíceis de conciliar.No entanto, a profissionalização exige, também ela, uma regulamentação. Há que, porventura, procurar pontos de intersecção entre as diversas actividades de assessoria.

Por enquanto, a comunicação é o verdadeiro elo de ligação na assessoria, é a palavra que a procede e que a fundamenta. Por isso mesmo, “pertencer ao Sindicato de Jornalistas seria uma hipótese”, admite Rodrigo Viana de Freitas.

Mariana Teixeira Santos
Foto: Joana Beleza