Os alunos da Universidade Independente (UNI) defendem a criação de uma comissão gestora da instituição privada, que integre os vários grupos da universidade e um representante do Ministério do Ensino Superior (MCTES).

O objectivo é restaurar o funcionamento “imediato” da UNI e permitir aos estudantes o acompanhamento do processo. A crise na Independente aconteceu durante o período de exames, o que pode implicar que novos professores avaliem as provas redigidas por docentes entretanto demitidos pelo reitor Luiz Arouca.

O presidente da Associação Académica da Universidade Independente (AAUNI), Hermínio Brioso, considera que a avaliação da autorização de funcionamento da Independente, decidida esta terça-feira pela tutela, não vai responder ao problema em “tempo útil”. “Cada dia que passa não se cumpre a carga horária”, argumentou ao JPN.

MCTES limita-se a “apagar fogos”

A AAUNI vai pedir audições ao Procurador-Geral da República, que foi acusado terça-feira por Manuel Antão, advogado de Lima Carvalho, um dos principais accionistas da SIDES, empresa que detém a universidade, de ter conhecimento do caso e de nada ter feito.

A denúncia foi negada por Pinto Monteiro. Se for verdade, “é gravíssimo”, diz Brioso, que quer ainda marcar audições com os grupos parlamentares para que pressionem a tutela a tomar medidas em relação à crise na Independente.

Para Hermínio Brioso, a intervenção do MCTES é comparável à de um “bombeiro” que se limita a “apagar fogos”. O representante dos cerca de 2 mil alunos da UNI nota que já houve “três ou quatro convulsões internas” que deviam ter sido acompanhadas após a sua resolução.

“Ficaram as ‘brasas'” que atiçaram a actual crise, aponta. “Há anos que se ouve falar de problemas criminais na UNI”.

Estudantes queixam-se de falta de diálogo

O reitor prometeu uma reunião para esta quarta-feira à tarde com os estudantes, que se queixam de terem sido deixados para últimos e de nunca terem sido esclarecidos por Luiz Arouca. “Somos alunos e dão primazias a outras reuniões”, lamenta o estudante.

A direcção da Independente foi demitida esta segunda-feira por alegada “gestão danosa”. O vice-reitor, Rui Verde, foi demitido, juntamente com mais 20 pessoas, entre académicos e membros da direcção da SIDES. As aulas estão suspensas até 5 de Março.

Os estudantes receiam as consequências da crise no seu percurso académico. A Associação Académica está aberta 24 horas por dia. “Não param de chover telefonemas”, conta Hermínio Brioso. “Ninguém quer ter o diploma de uma universidade cujos responsáveis são criminosos”.

Exonerados recorrem à justiça

O vice-reitor exonerado da Universidade Independente, Rui Verde, e Maria Campos Cardoso, outra directora da instituição, anunciaram esta terça-feira que foram interpostas providências cautelares para “restaurar a legalidade” e pôr fim à “agressão e ocupação” da instituição.

Em comunicado, afirmam que o processo de exoneração recorreu “à violência e coacção física”. “Tal atitude intolerável num verdadeiro Estado de Direito foi prontamente objecto de participação aos meios policiais que identificaram os agressores e ocupantes”, acrescentam.