“O processo de tomada de decisões não pode ser deixado nas mãos de uma só pessoa, senão, corre-se o risco de se tornar mesquinho”, afirmou.
O pivot da RTP falava numa conferência nas instalações da Licenciatura em Jornalismo e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto.
Inicialmente, o tema era a “hierarquização de notícias em televisão”. Porém, o jornalista da RTP preferiu dar voz aos futuros jornalistas e limitar-se a responder. José Alberto Carvalho abordou vários temas e falou até da passagem pela SIC.
“Os media alimentam-se de um carrossel mimético”
O jornalista da RTP não deixou de apontar falhas ao jornalismo que é feito em Portugal. “Falta arrojo. É preciso procurar assuntos novos”, afirmou. José Alberto Carvalho referiu ainda a dificuldade que existe em marcar uma agenda própria, um problema transversal a todas as televisões. O pivot admitiu que as televisões estão dependentes das agendas da Lusa, dos jornais e da rádio e vice-versa. Um facto que conduz a “uma redução absoluta do horizonte palpável em que os media se movem”. E acrescentou: “Alimenta-se um carrossel mimético”.
“Os media não educam”
José Alberto Carvalho pediu um público mais exigente. Garantiu que os media não educam e que o futuro está nas mãos do público. De acordo com o jornalista, existe uma relação de osmose entre quem produz a informação e quem a consome. “Quanto mais exigente for a opinião pública, melhor serão os media”, sustentou.
“Nunca olhei para mim como instrumento ao serviço das audiências”
O pivot da RTP assumiu frontalmente que as audiências, embora não sejam a única dimensão do trabalho jornalístico, são fundamentais. “É uma atitude natural perceber qual é o impacto do nosso trabalho”, disse. Contudo, alertou que o perigo está quando os jornalistas se limitam às audiências.
SIC – “um projecto galvanizante”
Apesar de já não integrar a equipa da SIC, José Alberto Carvalho não poupou elogios à estação de Carnaxide. Na opinião do jornalista, a SIC introduziu, na altura, uma ruptura muito grande, ao assumir uma atitude crítica, ao permitir a descentralização dos poderes a ao aproximar a televisão do público. “Isto foi um passo enorme em termos de cidadania”, elogiou.
“O serviço público está mais tranquilo”
Em entrevista ao JornalismoPortoNet, José Alberto Carvalho reconheceu a importância do processo de reestruturação da RTP, anunciado em 2003. Trata-se de um trabalho que era imperativo fazer-se e que tem resultado: “A avaliação que faço é positiva. Este processo abre um caminho de futuro”. Visivelmente satisfeito com o sucesso da reestruturação do canal do Estado, o jornalista, mesmo não sabendo definir exactamente o que é o serviço público, garante que este está mais sereno. Reconhecendo que a reestruturação contribui para o cumprimento do serviço público, José Alberto Carvalho sublinhou que a mudança fez com que as pessoas olhassem para a RTP de uma forma mais positiva. Consequentemente, “o serviço público está mais tranquilo”, concluiu.