O presidente brasileiro espera conseguir a assinatura do acordo comercial União Europeia-Mercosul, ainda este ano. Para tal conta com o apoio de Portugal. O primeiro-ministro português pediu ajuda para atrair investimento brasileiro. Da cimeira ficou ainda a garantia que Lisboa apoiará a intenção de Brasília aceder a membro permanente da ONU. Uma cimeira em que negócios e relações foram o ponto forte.
O JornalismoPortoNet falou com José Bastos, editor internacional da Rádio Renascença, que destacou a importância de António Guterres nas relações bilaterais. “António Guterres foi quem contribuiu mais para o estreitamento de relações entre Portugal e Brasil”, lembrou. Enquanto primeiro-ministro, Guterres defendeu que o Brasil era uma grande aposta para a internacionalização da economia portuguesa.
Entrave burocrático
Para José Bastos, “a burocracia é o grande inimigo da nova dinâmica que existe na relações entre Portugal e Brasil”. Facto que impede fazer “planeamentos estratégicos a longo prazo”. Na opinião deste editor, urge agilizar os processos burocráticos, para que estes deixem se ser um entrave para ambos os países. “Só o grau de agilidade na aplicação dessas medidas é vai determinar se há ou não resultados práticos desta cimeira”, concluiu.
Compromisso mútuo
Outro tema abordado nesta sétima cimeira foi o problema da emigração ilegal, que já tinha sido discutido já em 2003 entre os dois países, aquando da visita de Lula da Silva a Portugal. Na altura, foi assinado o acordo de contratação recíproca de nacionais. Num encontro na semana passada, o Brasil referiu que o processo de legalização dos portugueses naquele país tem passado por problemas burocráticos e não políticos. Quanto a Portugal, ficou a promessa de criar condições para resolver a situação dos trabalhadores ilegais brasileiros em Portugal. O chefe de Estado do Brasil acredita que a emigração ilegal estará resolvida até final de 2005.
Baixas trocas comerciais
Portugal já foi o sexto maior investidor no Brasil. O baixo nível de trocas comerciais bilaterais desilude Durão Barroso. As exportações nacionais para o Brasil são reduzidas. Para José Bastos, “a economia brasileira será sempre um excelente negócio, pois é a oitava do mundo. Mas os investimentos na economia brasileira nunca terão resultados imediatos”. Para o jornalista, “o risco é haver alguma vulnerabilidade porque a economia brasileira está a crescer pouco. Há ainda o risco de flutuação cambial”. Neste encontro, o chefe do executivo tentou convencer empresários brasileiros a investir em Portugal – uma porta aberta para a UE. Na opinião do ministro da Economia, Carlos Tavares, também presente na Cimeira, para Portugal reforçar a posição no mercado brasileiro, o ideal é a celebração de “joint-ventures”. Actualmente existem quinze novos projectos brasileiros de investimento em Portugal.
Ana Correia Costa
Andreia Abreu