A empresa Ithaka vai pagar 65 milhões de euros ao clube por 30% dos direitos económicos do estádio. O clube vai manter o controlo e a gestão sobre as operações do Estádio do Dragão. A parceria deverá ter início no "princípio da próxima temporada desportiva".

O acordo foi anunciado a nove dias das eleições do clube. Foto: Валерий Дед/WikiMedia CommonsCC-by-3.0

O FC Porto comunicou na última quinta-feira (18) à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que o acordo com a Ithaka sobre os direitos comerciais do Estádio do Dragão foi assinado.

De acordo com o comunicado, a sociedade vai ter direito “durante os próximos 25 anos, a 30% dos direitos económicos de uma nova sociedade (a incorporar no Grupo FC Porto), a qual dedicar-se-á a incrementar o potencial comercial do Estádio do Dragão”. A Ithaka Infra III é, segundo o clube, uma “sociedade veículo da Ithaka Investments Europe, SL, sendo esta última uma sociedade de investimento com vasta experiência em investimentos em desporto e infraestruturas na Europa, com sede em Madrid, Espanha”. 

A Ithaka “investirá 65 milhões de euros no FC Porto, dos quais cerca de 30 milhões de euros serão integralmente reinvestidos no Estádio do Dragão durante os primeiros anos da parceria, sendo o remanescente destinado a aumentar a competitividade do FC Porto”. “Após o decurso do prazo de 25 anos da mencionada parceria, o FC Porto recuperará 100% dos direitos económicos do Estádio do Dragão“, pode ler-se no mesmo comunicado. 

O clube vai manter “o controlo e a gestão sobre as operações do Estádio do Dragão, bem como a propriedade total do mesmo”, durante a parceria. A Key Capital Partners atua nesta parceria na qualidade de consultor financeiro e estratégico exclusivo da Ithaka. Já a Legends, com quem os dragões tinham celebrado um acordo no ano passado para a exploração do estádio e um dos principais operadores de estádios desportivos a nível mundial, vai prestar o apoio operacional.

De acordo com o mesmo comunicado, a parceria deverá ter início no “princípio da próxima temporada desportiva, ficando sujeita ao cumprimento de condições standard de mercado, nomeadamente, na finalização, pela Ithaka, de um financiamento de longo prazo relativo ao seu investimento, bem como na constituição da nova sociedade do grupo FC Porto na qual a Ithaka irá investir”.

A CMVM tinha suspendido as negociações das ações do clube no início do mês, na sequência da entrevista do presidente Pinto da Costa à SIC, na qual referia, além de outras coisas, que o clube contava fechar um contrato com uma empresa internacional. No dia seguinte, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários levantou a suspensão, depois de o clube ter divulgado “informação relevante”.

Na altura, em comunicado, a SAD do FC Porto disse que até 30 de junho, esperava assinar um acordo com uma empresa internacional, “com reconhecida experiência na otimização das receitas comerciais relacionadas com grandes equipamentos desportivos”. No mesmo comunicado, o clube deu conta de que “está a negociar uma reformulação da sua dívida de médio e longo prazo, num montante estimado de 250 milhões de euros”.

O acordo, celebrado entre o FC Porto e a Ithaka, foi anunciado a nove dias das eleições do clube.

Em declarações à Lusa, André Villas-Boas, candidato às eleições, disse não compreender a pressa na celebração do acordo. “Porquê a pressa? A venda de 30% de direitos comerciais do FC Porto custa-nos muito. Apesar de o parceiro ser bom, isto é um indicador de falência operacional e de encaixe”, afirmou.

De acordo com a Lusa, o presidente do clube informou, no dia seguinte ao anúncio, que o contrato pode ser quebrado até 1 de julho.

Editado por Inês Pinto Pereira