A ONU ainda não conseguiu apurar quem esteve por trás do atentado que vitimou o presidente ruandês, Juvenal Habyarimana. Para isso, foi criado o Tribunal Penal Internacional para o Ruanda, no sentido de apurar quem cometeu os assassínios em massa que dizimou quase um milhão de pessoas num curto espaço de tempo.

Apesar de algumas pessoas já terem sido condenadas, ainda há muito por descobrir. Para Emídio Fernando, jornalista da TSF, os grandes culpados foram “aqueles que sabiam do que estava a acontecer e não fizeram nada para evitar o genocídio”. O repórter diz mesmo que as Nações Unidas (ONU) só não intervieram no terreno “devido a uma grande guerra que está a acontecer naquela região africana, entre a França e os Estados Unidos (EUA) “.

Segundo o jornalista, a ONU nunca admitiu a palavra “genocídio”, porque se o admitisse, teria, por lei, de entrar no país. Emídio Fernando refere que foram os embaixadores americanos e franceses que vetaram qualquer tipo de actuação no Ruanda. “Os relatórios das Organizações Não Governamentais (ONG), eram muito claros, a ONU só tinha de mandar alguém para o terreno para ver o que se estava a passar, coisa que não fez”, disse.

Á procura da verdade

Segundo o jornal Le Monde, um relatório realizado com base num inquérito do juiz francês, Jean-Louis Bruguière, aponta o actual presidente da República do Ruanda, Paul Kagame, como o principal responsável no ataque ao avião onde viajava o seu antecessor, Juvénal Habyarimana.

Kagame, um tutsi, negou todas as acusações e apontou outros responsáveis pelo desencadear do genocídio: “não tenho dúvidas de que a França está por detrás disto”.

Também o jornalista Emídio Guerreiro não descarta essa possibilidade: “sempre que há um conflito em África, a França está lá, seja onde for”. E mesmo os EUA podem ter tido interferência: “quando estive em Kigali, a capital, pude ver as tropas americanas a proteger os palácios governamentais e ministérios”.

Bruno Amorim