“Eu penso que a maior parte das pessoas não sabe sequer o que é isso de alimentos transgénicos, e não tem a menor ideia do que isso pode representar e que tipo de escolha está envolvida”. Para Margarida Silva, da plataforma “Transgénicos fora do prato”, “isso representa um falhanço governamental que já vem de vários governos”.

Em declarações ao JornalismoPortoNet (JPN), esta especialista afirma que os portugueses não andam bem informados sobre os alimentos transgénicos e, por isso, não estão preparados para fazer uma escolha quando vão ao supermercado. “Se compararmos com o cidadão médio europeu estamos muito menos informados”, afirma a especialista.

Os transgénicos são seguros?

De acordo com Margarida Silva, “ainda não está provado que os transgénicos sejam seguros, nem do ponto de vista científico, nem do ponto de vista social, nem do ponto de vista agronómico”. “Há muitos cientistas que trabalham na área molecular que dizem que os transgénicos são os alimentos mais seguros do mundo” mas, ainda assim, a experiência que Margarida Silva tem na área da avaliação de riscos dos organismos geneticamente modificados (OGMs) permite-lhe dizer que “não há ciência feita sobre esta matéria”.

Esta especialista disse, em declarações ao JornalismoPortoNet (JPN), que existem “muitas indicações de que, em termos de segurança, os transgénicos não oferecem segurança” e de que, por outro lado, “em casos pontuais há claras indicações de que pode haver problemas”. E como, pelo menos para já, a ciência não pode provar se os transgénicos são ou não prejudiciais à saúde humana e animal, na opinião de Margarida Silva “não podem ser os cientistas a tomar a decisão final de uma coisa que eles não conhecem”. Mas, então, “quem deve tomar a decisão?”, questiona Margarida Silva. Para esta especialista, quem deve decidir é “a sociedade e o poder político apoiado numa opinião pública esclarecida e participada”.

Margarida Silva disse ao JPN que, neste momento, “há cenários teóricos que não podem ser descartados e que implicam alguns alimentos transgénicos em casos de cancro”.

“Temos de ser chamados a decidir”

“Na medida em que ainda existem tantos pontos de interrogação, há claramente um perigo envolvido no consumo e no cultivo de transgénicos que a sociedade tem de suportar”. Margarida Silva alerta ainda para eventuais complicações: “se os problemas efectivamente se materializarem, não vão ser as empresas que vão pagar, vamos ser todos nós, com a nossa saúde e com a nossa estabilidade social”. Por isso, esta responsável defende que os cidadãos devem “ter uma palavra a dizer nas decisões que levam à adopção destas tecnologias [os transgénicos]”, e lamenta que “em Portugal a discussão sobre este assunto seja “muito pouca”.

Ana Correia Costa

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Transgénicos: Eles estão aí