Foram precisas 48 horas para Pyongyang confirmar o acidente, já noticiado pelos media internacionais. A confirmação norte-coreana surgiu, segundo o El Mundo, através do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavorv.

Em 24 horas, o único comentário público foi feito no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, dando conta da morte de um chinês e de ferimentos em 12 pessoas, avança a BBC.

Os meios de comunicação social norte-coreanos têm omitido o sucedido, como é o caso da agência de notícias oficial, a DPRK, que tem como última notícia a visita de Kim Jong-Il à China.
O «El Mundo» afirma que, alguns habitantes de Pyongyang, contactados pelos media sul-coreanos, dizem que a televisão oficial continuou a transmissão habitual de músicas militares e outras, e que informou apenas da chegada do presidente Kim Jong-Il à capital.

A BBC, através de um colaborador em Seul, avança que o governo norte-coreano pode ter cortado as linhas telefónicas internacionais, o que torna o país ainda mais isolado do exterior, impossibilitando a confirmação de informações. A única garantia são as imagens de satélite, que mostram uma devastação idêntica à que pode ser causada por um bombardeamento.
As últimas informações têm sido avançadas pelas agências noticiosas de Seul, Coreia do Sul, com base em fontes chinesas que não identificou.

Um país fechado

A Coreia do Norte é um dos países mais autoritários e secretos do mundo, com uma economia frágil em estagnação.
O país nasceu em 1948, após o conflito da 2ªGuerra Mundial e o colonialismo japonês, iniciado em 1910. A história é dominada pelo líder Kim Il-Sung, que introduziu no país a filosofia Juche. A filosofia Juche funciona como religião oficial do país e significa “auto-suficiência”.

As décadas de rígido controlo estatal levaram a uma estagnação económica e a um progressivo fechar do país ao exterior.
Em 1994,o filho de Kim Il-Sung, Kim Jong-Il, assumiu o comando do país, depois da morte do pai. No entanto, Kim Il-Sung seria considerado como Presidente eterno, o que levou o seu filho Kim Jong-Il a assumir a liderança do Partidos dos Trabalhadores Coreano apenas em 1997.

Kim Jong-Il nasceu na Sibéria, em 1941, durante o período em que Kim Il-Sung estava exilado na então União Soviética. No entanto, a história oficial norte-coreana conta que ele nasceu num chalé de madeira, na mais alta montanha da Coreia do Norte, e que o acontecimento foi marcado por um duplo arco-íris e uma estrela brilhante no céu.

Durante vários anos, as relações entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul mantiveram-se deterioradas. Pyongyang considerava os governos sul-coreanos como governos fantoche dos Estados Unidos.

Em 2000, a relação entre os dois países melhorou consideravelmente, fruto de uma visita do presidente sul-coreano Kim Dae-Jung à Coreia do Norte, onde foi recebido pessoalmente pelo chefe de Estado, Kim Jong-Il.

A Coreia do Norte tem uma avançada pesquisa e desevolvimento de armas nucleares, químicas e biológicas, o que causa grande alarma sobretudo aos seus vizinhos geográficos, China, Coreia do Sul, Rússia e Japão, afirma a CNN.
Em termos militares, um em cada quatro cidadãos serve alguma força militar.

Em 2002, o presidente americano George W. Bush considerou a Coreia do Norte como um dos “eixos do mal”, a par do Irão e Iraque.
Os Estados Unidos mantêm, ainda, soldados na Coreia do Sul, sobretudo na fronteira da vila de Panmunjon. Esta presença militar é, segundo a BBC, uma garantia de voz activa para Washington no diálogo entre Seul e Pyongyang.

O grave acidente de ontem fez com que a Coreia do Sul esquece-se as relações tensas que mantém com a Coreia do Norte, disponibilizando já, segundo a BBC, ajuda humanitária.

Fonte:Historychannel
Foto: YTN

Carla Gonçalves