Rins, coração, gânglios linfáticos, ossos e cérebro são alguns dos órgãos que podem ser afectados pelo bacilo de Koch, responsável pela doença. No entanto, apenas a tuberculose pulmonar, que é a mais frequente, é contagiosa. De acordo com Ana Correia, da Sub-região de Saúde do Norte, “as formas de localização extra-pulmonar são mais comuns em crianças e em indivíduos com imunodepressão”.
Normalmente a doença transmite-se pelo ar, por isso, basta que o doente espirre, tussa ou fale alto para libertar várias partículas. Depois, se alguém respirar esse ar, corre o risco de ser contagiado. Mas, segundo Ana Correia, a transmissão da doença também pode ocorrer “por disseminação linfática e sanguínea”.
De acordo com a médica da Sub-região de Saúde do Norte, “as lesões pulmonares iniciais habitualmente curam sem complicações” e o bacilo fica latente em 90 a 95% das pessoas infectadas. Em 5% “a infecção inicial pode progredir para tuberculose pulmonar” ou extra-pulmonar. Segundo Ana Correia, “em cada 100 pessoas infectadas, dez vão desenvolver a doença em algum momento da sua vida”. Mas nos casos de indivíduos imunodeprimidos, nomeadamente no caso de seropositivos, “a probabilidade de desenvolver a doença é de 10% ao fim de um ano”.
Ana Correia explica que a probabilidade de uma pessoa ser infectada pela microbactéria da tuberculose depende da densidade de partículas infecciosas e do tempo de exposição. Quanto às pessoas infectadas, a probabilidade de desenvolver a doença depende da idade, sexo, hábitos tabágicos e existência de outras doenças.
Prevenção e tratamento
De acordo com Ana Correia, “o diagnóstico precoce” e “a instituição rápida de terapêutica com cumprimento completo” são as medidas mais eficazes na luta contra a tuberculose. A prevenção em Portugal passa também pela vacinação dos recém-nascidos pelo BCG, que se tem revelado eficaz na prevenção das formas graves da doença, nomeadamente tuberculose miliar e meníngea.
Mas as medidas de prevenção não se ficam por aqui. Segundo Ana Correia, os Centros de Diagnóstico Pneumonológico, responsáveis pelo tratamento da doença, “quando diagnosticam um caso de tuberculose fazem o levantamento dos contactos familiares e convocam-nos para proceder ao rastreio”. Depois, os CDP “fazem o acompanhamento do cumprimento do tratamento, através da Toma Observada Directamente”, em que o doente toma a medicação na presença de um profissional de saúde. Com esta medida os CDP procuram incentivar o doente a cumprir o tratamento até ao fim.
A tuberculose tem cura, mas é preciso fazer um tratamento prolongado com antibióticos específicos. Em média, o tratamento é diário ou trissemanal, dura entre seis e oito meses e é eficaz quando seguido correctamente. No entanto, se o doente interromper a meio corre o risco de ter uma recaída e de contrair tuberculose multiresistente.
Segundo Ana Correia, a tuberculose multiresistente é tratada com antibacilares de segunda linha. Trata-se de um tratamento “mais caro, muito mais longo em que os medicamentos usados têm mais efeitos secundários”.