As obras de requalificação da Rotunda da Boavista não vão descaracterizar o local. Garantia dada ontem pelos responsáveis da obra, durante a apresentação do plano de requalificação, que decorreu na Câmara Municipal do Porto (CMP). Sete milhões de euros é o que vai custar só a primeira fase da empreitada, sem contar com os equipamentos que serão feitos numa segunda fase. A grande dificuldade até agora foi, segundo o vereador do Urbanismo, Ricardo Figueiredo, o desvio de infra-estruturas, como águas, saneamento, electricidade e telefones. Esta necessidade fez subir os custos deste primeiro momento da intervenção.

Rui Sá, vereador do Ambiente, disse que “o que está a ser feito na rotunda da Boavista não tem nada que ver com o desvirtuamento do jardim”. O autarca da CMP explicou que, pelo contrário, estão a ser mantidos elementos antigos e a repor-se condições desaparecidas. Siza Vieira, um dos arquitectos responsáveis pelo projecto, acrescentou que se vai “manter a estrutura organizativa do jardim, que é romântico, com traçado persistente”, que resistiu a várias intervenções. Essa estrutura “não será alterada”.

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O que vai, então, mudar?

No que diz respeito ao jardim propriamente dito, foi avaliado o estado fitossanitário das árvores e repensadas as espécies que cobrem os canteiros.

Depois de estudos realizados pela Metro do Porto e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a conclusão sobre o estado das antigas árvores é que nove tinham que ser abatidas. Entretanto, uma dessas árvores acabou por cair. A situação de outras 13 árvores não está ainda definida. “Estamos a tentar saber se ainda têm um período de vida que justifique a sua manutenção ou se pelo contrário apresentam riscos que justifiquem o seu abate”, explicou Rui Sá. Há ainda 24 pequenas árvores que vão ser transplantadas para outro local, por não se enquadrarem no perfil do jardim. As restantes 195 árvores da rotunda vão ficar exactamente onde se encontram.

Nos canteiros, as plantas vão ser substituídas por relvado, como já acontece na “bolacha central”, à volta da estátua. Esse redondo vai ser alargado, tal como a “bolacha global” que ficará mais larga, “tirando” espaço à faixa de rodagem. Isto vai acontecer por duas razões: para que os peões disponham de mais locais de travessia da rotunda e para “dar espaço às árvores”, uma vez que as raízes seculares já fazem levantar o pavimento.

Além da avaliação das árvores antigas, serão plantadas 500 árvores no passeio exterior à rotunda, junto às edificações, e ao longo da Avenida da Boavista.

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Ricardo Figueiredo, vereador do Urbanismo, disse aos jornalistas que a requalificação do jardim e das faixas de rodagem estará pronta em finais de Maio, inícios de Junho. A empreitada está a ser conduzida pela Metro do Porto, que “quer tentar minimizar os constrangimentos que uma obra como esta sempre causa”.
Os equipamentos serão feitos depois de um interregno em Julho e Agosto, altura em que Portugal recebe o Euro 2004. De Setembro até ao fim do ano, a Metro do Porto espera concluir a segunda fase da requalificação da rotunda, esta já sem qualquer constrangimento para o público.

Circulação automóvel e pedonal

A rotunda vai ter três faixas de rodagem normais e uma quarta, cujo piso será ligeiramente elevado em relação às outras, para cargas e descargas e paragens de autocarros e táxis. Passadeiras na rotunda, ao todo, vão passar a ser oito.

Na Rua Júlio Dinis, vai ser reposta uma faixas de rodagem no sentido descendente. Esta faixa está a ser utilizada, indevidamente, para estacionamento em segunda fila.

Ana Isabel Pereira (texto e fotos)