O portuense Paulo Baldaia, de 34 anos, foi o vencedor da competição do 2º Festival de Stand Up Comedy, que decorreu este fim-de-semana, em Lavra. Funcionário no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, vê o humor como uma segunda profissão mas, acima de tudo, como uma actividade que lhe dá prazer: “gosto sobretudo de fazer rir as pessoas”.

Paulo Baldaia afirma que “o processo criativo é muito complicado, se bem que em Portugal torna-se mais fácil porque basta-nos olhar à volta que a comédia anda aí”. A televisão e os jornais são “fontes quase inesgotáveis, principalmente a televisão. Fazem-se programas de tudo e de nada e certamente são estes últimos que nos dão mais gozo comentar”.

Já participou duas vezes no programa televisivo «Levanta-te e ri!» e faz espectáculos regulares em bares. O vencedor explica que a implementação da stand up comedy em Portugal “é uma questão de mentalidade e evolução” e explica que “a faixa etária mais antiga está mais virada para as anedotas, talvez por motivos tradicionais, enquanto que num espectáculo com público universitário consigo fazer um tipo de humor mais refinado e que eles percebem melhor”.

Intervir na sociedade, criticando com humor

Em segundo lugar ficou Salvador Martinha, estudante de Marketing já conhecido através do «Levanta-te e ri!» e, em terceiro, Henrique Silva, aluno de Som e Imagem, natural do Rio de Janeiro, mas residente no Porto. O prémio Melhor Momento da Noite foi atribuído a Paula Perdigão.

António Feio, porta-voz do júri que avaliou as prestações dos 14 seleccionados entre 427 inscritos, disse que “a escolha foi muito rápida” e unânime entre todos os elementos: Pedro Mendes (da revista «Maxmen»), Fernando Alvim (animador da Antena 3) e Hernani Marques (da produtora Fio Mental).

António Feio confirma que “ganhou o melhor”. Em jeito de balanço, o actor viu “algum stand up que não acho tão interessante, com piadas gratuitas e quase acusações sem que haja um novo olhar sobre os temas, muita loucura nalgumas ideias e fisicalidade bem resolvida pelos intervenientes”.

Os critérios de escolha passaram pelo texto, pela maneira como os concorrentes desenvolveram as ideias e pelo alinhamento das suas prestações.
Para João Teixeira, da produtora Fio Mental, revela que o festival “foi um sucesso tremendo” que culminou na descoberta de novos talentos.

O actor concorda com a evolução do humor em Portugal: “não estamos estagnados. Brincar com os temas é que é o verdadeiro stand up, e é uma evolução boa porque as pessoas podem intervir na sociedade, criticando com humor. Uma maneira de passar bem a mensagem, como que uma válvula de escape”.

Manuel Jorge Bento