O que é?

A hepatite C é provocada por um vírus de ARN (vírus da hepatite C, VHC) identificado em 1989. Actualmente calcula-se que existam no mundo cerca de 170 milhões de infectados pelo VHC, o que corresponde a 3% da população mundial. Segundo a Organização Mundial de Saúde é uma epidemia em crescimento estimando-se que surjam, anualmente cerca de 4 a 4 milhões de novos casos.

O grupo de maior risco é constituído pelos toxicodependentes de drogas injectáveis e inaláveis e os indivíduos sujeitos a transfusões de sangue ou intervenções cirúrgicas antes de 1992. No entanto, em cerca de um terço dos casos diagnosticados não é possível identificar a forma de transmissão.

Como se previne a infecção pelo vírus?

Em relação ao vírus da hepatite C importa salientar que uma pequena quantidade de sangue contaminado pode transmitir o vírus pelo que o doente infectado não deve partilhar objectos cortantes e deve desinfectar e proteger qualquer ferida que apresente. No grupo dos toxicodependentes é necessário utilizar material de preparação e seringas próprias, bem como promover a entrega das seringas usadas nos locais designados para o efeito.

Quanto ao risco de transmissão por via sexual, apesar de ser pequeno, existe e, nalguns grupos com comportamentos promíscuos atinge os 5%.
O risco de transmissão do VHC da mãe para o filho durante a gravidez ronda os 5% (cerca de 1 caso em 20) e depende da quantidade de vírus presente na circulação sanguínea.

Como evolui?

Após o contacto com o vírus apenas 15 a 20% dos indivíduos recuperam espontaneamente; os restantes 80-85% desenvolvem hepatite crónica. A infecção crónica caracteriza-se pela evolução lenta e progressiva. É importante referir que, mesmo na ausência de sintomas, o vírus continua a multiplicar-se no fígado e a inflamação persiste.

Nalguns casos a hepatite pode progredir para uma forma de doença mais grave, designada por cirrose em que ocorre uma destruição das células hepáticas com formação de “cicatrizes” que dão ao fígado um aspecto nodular e mais duro. Uma vez estabelecida a cirrose existe um risco aumentado de aparecimento de cancro do fígado.

Como se diagnostica?

Como a maioria dos doentes com hepatite crónica C refere poucos sintomas o diagnóstico é, geralmente, feito através de análises de sangue. Também pode ser diagnosticada na sequência do rastreio de indivíduos pertencentes aos grupos de maior risco como os toxicodependentes e os submetidos a transfusões antes de 1992. O teste laboratorial mais adequado no diagnóstico e rastreio da hepatite crónica C é o Ac VHC.

Como se trata?

Actualmente existem fármacos, genericamente designados por Interferões que são utilizados com o objectivo de eliminar o vírus do organismo. A decisão sobre o tipo e duração do tratamento deve ser individualizada e depende essencialmente da decisão do médico que o acompanha. Na maioria dos casos esta terapêutica é feita durante 6 ou 12 meses.

Mesmo que seja tomada a decisão de não iniciar o tratamento há um conjunto de medidas gerais que devem ser cumpridas nomeadamente não consumir álcool, evitar a ingestão excessiva de gorduras e, se tiver excesso de peso, iniciar uma dieta mais adequada. Nesta circunstância, continua a ser necessário o acompanhamento médico semestral.

Vânia Cardoso