Quem fala com o tenente Vítor Lima fica, imediatamente, mais tranquilo quanto ao actual panorama no Iraque. O oficial integrou o primeiro contingente que foi para o Iraque e embora não esteja no terreno neste momento, quando se fala com ele parece que se perde o medo e que se acredita que não há missões impossíveis. É famalicense, a aventura e o prazer de perseguir o risco correm-lhe nas veias: “não há nada como o risco e o desafio de se ser o primeiro”.

Admite que, actualmente, a situação no terreno em termos de segurança e de instabilibildade é mais grave. No entanto, “o desafio do primeiro contingente era maior”. Partiu a 12 de Novembro e, quatro meses depois, estava de regresso a casa. Actualmente, o segundo contingente, está no Iraque , há cerca de dois meses. O terceiro está quase a terminar a fase de preparação.

Mil e um amigos

Fez amizades com americanos, coreanos, romenos, holandeses e muitos outros por nomear. A nível pessoal, garante que a missão no Iraque foi ímpar: “foi totalmente nova”. E acrescenta: “foi uma experiência espectacular porque permitiu-me o contacto com forças de outros países e com o povo iraquiano”.

Em termos profissionais, diz o tenente, que foi uma experiência “sem igual”. Para Vítor Lima a ida para o Iraque representou uma oportunidade: “Sendo Portugal um país com um nível muito baixo de incidentes que impliquem forças como a nossa, (visto que a nossa é uma força empenhada em situações de elevado risco), ir para o Iraque foi uma oportunidade de pôr em prática aquilo que aprendemos em Portugal, mas que não executamos cá. Manifestamente satisfeito, o oficial, revela que no Iraque puderam pôr em prática e testar todos os conhecimentos “ao nível mais elevado”.

Vítor Lima refere-se aos quatro meses de missão no Iraque com um misto de orgulho e satisfação, mas também lembra alguns momentos mais críticos. O oficial explica que a cidade de Nassíria fica quatro metros abaixo do nível do mar e que durante o tempo que lá estiveram houve muita chuva, o que fez daquela cidade um “verdadeiro lamaçal”: “antes de partir, imaginava um deserto, mas era um lamaçal”. Recorda Vítor Lima que em Novembro e Dezembro havia cerca de 20 centímetros de lama.: “penso que foi o período mais crítico da missão, foi quando o desafio foi maior”.

Outra vez

Problemas que não estigmam o jovem tenente, já que confessa estar disposto a repetir a experiência: “tenho família e pessoas que me querem cá. Claro que depende do tipo de missão e depende da altura, mas não está de parte essa posssibilidade”. Não ingressou o terceiro contingente que neste momento está em fase de preparação, mas assegura que nada fora de hipótese. Mesmo até um ingresso noutro contingente para outro país, numa missão parecida com a do Iraque. Para Vítor Lima, tudo depende das propostas: “não é a missão que nos diz para irmos ou não, mas as próprias condições em que vamos”.

Neste momento, está empenhado a 100% a participar no EURO 2004. Porém, insiste que não põe fora de hipótese a participação noutra missão no estrangeiro. Além disso, considera ainda a possibilidade de ir sozinho, como “observador”, para outro país ao serviço das Nações Unidas.

Andreia Abreu