A um mês da transferência de poderes, o último fim-de-semana ficou marcado pelas divergências em torno da escolha do novo presidente iraquiano. Enquanto os Estados Unidos apontavam o nome de Adnan Pachachi, de 81 anos, o favorito dos iraquianos era Ghazi Mashal Ajil al Yawer, um sunita muçulmano, que acabou por aceitar o cargo hoje.

“A coligação pressiona para que Ghazi Ajil al-Yawer não seja presidente enquanto nós, os membros do conselho, queremos que seja ele”, afirmou à agência AFP Mahmoud Osman, um curdo do Conselho de Governo Iraquiano (CGI). Por outro lado, a Autoridade Provisória da Coligação (APC) nega ter exercido qualquer tipo de pressão para tentar impor Adnan Pachachi como presidente do governo provisório iraquiano, um cargo essencialmente simbólico e sem poderes executivos.

Depois da renúncia de Pachachi, que havia sido nomeado para o cargo, os membros do Conselho Transitório nomearam o seu favorito. Ao aceitar o cargo de presidente do governo interino do Iraque, Yawer pôs fim ao impasse em torno da escolha do novo Executivo, que deverá assumir funções a 30 de Junho, data oficial da transferência do poder para as mãos dos iraquianos.

Uma das grandes questões que se coloca é que os nomes já conhecidos daqueles que vão integrar o governo provisório fazem prever uma permanência no executivo de alguns membros do Conselho de Governo Iraquiano e do governo que este nomeou. Essa ausência de renovação não é vista com bons olhos por parte dos iraquianos, que querem ver caras novas no governo de transição. Um dos motivos é que os membros do actual CGI nunca conseguiram ganhar o apoio da população iraquiana.

A divulgação da composição do futuro executivo iraquiano foi adiada exactamente por causa das divergências em torno da escolha do presidente. Recorde-se que os membros do Conselho de Governo Iraquiano (CGI) acusaram o administrador civil do Iraque, Paul Bremer, de tentar impor Adnan Pachachi para presidente do governo de transição iraquiano, um nome que surgiu como um dos favoritos do Departamento de Estado para liderar os destinos do Iraque depois de transferência de poderes. Pachachi era ministro dos Negócios Estrangeiros antes da chegada de Saddam Hussein ao poder, e esteve exilado durante mais de 30 anos, enquanto durou a ditadura.

Ao que tudo indica, os planos do enviado especial das Nações Unidas ao Iraque, Lakhdar Brahimi, para o governo provisório iraquiano estão a sair gorados. No mês passado, Brahimi manifestou o desejo de que o futuro executivo iraquiano fosse formado por tecnocratas sem ambições políticas. No entanto, membros do CGI mostraram o seu desagrado para com essa intenção.

Enquanto isso, o novo primeiro-ministro iraquiano já é conhecido desde sexta-feira. A escolha recaiu sobre o xiita Ilyad Allawi.

Foto: Reuters

Ana Correia Costa