O conjunto das gravuras do Vale do Côa constitui o maior Museu Natural de Arte Rupestre ao ar livre. A descoberta das gravuras trouxe avanços no domínio do conhecimento da Arte Paleolítica. Este conjunto de achados veio também contribuir para refutar antigas teorias, criando novas.

Dalila Correia, arqueóloga e guia do Parque Arqueológico do Vale do Côa explica que, «Até à descoberta do Côa tinha-se a ideia de que a Arte Paleolítica era uma arte de grutas, de cavernas…; a ideia do recôndito. Só aquele grupo tem acesso à gruta e consegue perceber o que está lá. (…) Havia casos pontuais de Arte Paleolítica ao ar livre – a primeira foi descoberta em 1981 (…), em Freixo-de-Espada-à-Cinta (…), mas sítios muito pequenos. (…) Eram consideradas excepções à regra (…).
Com a descoberta do Côa estamos a falar de 17 kms de vale gravados, sendo o maior sito de Arte Paleolítica do mundo ao ar livre. E não foi gravado num único momento… Foi gravado ao longo de cerca de 20 mil anos.».

Criam-se, assim, novas teorias sobre este tipo de arte. «Foi extremamente importante a descoberta do Côa para o estudo da Arte Paleolítica, precisamente porque, afinal, esta arte não é uma arte escondida; não é uma arte inacessível para quem quer que passe. É uma arte pública para quem passa ter acesso; e ter essa informação. (…) Isto veio alterar as teorias que até aí existiam.»
E acrescenta, «Entretanto, no Vale do Zêzere já foram descobertas gravuras ao ar livre; também no próprio Alqueva… Portanto, apareceram já representações, porque agora também já se procura (…). Até à descoberta do Côa, não se procurava; porque não se sabia que existia…»

Importância para Portugal e para o mundo:

«A nível nacional, é pioneiro. Quer o sistema de visitas, quer o que se mostra. (…) E é a primeira vez que se mostra Arte Paleolítica em Portugal.»
Dalila Correia diz ainda que, por ser Património da Humanidade, é bom para o país porque, «a nível europeu, não há nenhum sítio em que se faça este tipo de visitas.».

A nível internacional, os aficionados deste tipo de questões, veem visitar o Côa. «É o maior sítio do mundo, e acho que isso diz tudo», conclui a guia do Parque.

Letícia Amorim