A Administração da RTP (Rádio e Televisão de Portugal-SGPS) decidiu “reclassificar o acervo do Museu da Rádio”, segundo uma notícia do “Público” de 1 de Maio. Parte do seu espólio será transferido para o Museu das Comunicações, mas a escassez de espaço vai obrigar a uma selecção da colecção mais importante, tendo a restante destino incerto.

Alguns cibernautas têm mostrado o seu desacordo face a esta notícia, através da assinatura de uma petição online contra o encerramento do Museu da Rádio.
António Silva é o responsável por esta mobilização online contra a decisão da administração da RTP.
Amante da Rádio, António Silva não deixou de difundir o seu inconformismo. Para tal, elaborou um abaixo-assinado online.
“É um assassinato da história, quando se trata de peças raríssimas e únicas na Europa. Se não se preserva o passado, como se há-de pensar no futuro?”, frisou António Silva ao JornalismoPortoNet (JPN).

Decisão por critérios económicos

A actual responsável pelo Museu da Rádio, Alexandra Fraga, explicou ao JPN que os critérios económicos foram determinantes para esta decisão. No entanto, Alexandra Fraga não deixou de exprimir o seu desagrado face à decisão da Administração da RTP: “Afigura-se-me como um erro, porque a vocação da instituição que receberá esse espólio não é a comunicação social. Por outro lado, é culturalmente empobrecedor”.

O JPN tentou obter a opinião de dois jornalistas da RDP-Porto, mas ambos desconheciam a notícia e, por esse motivo, não quiseram prestar quaisquer declarações.

12 anos de Museu

Inaugurado a 14 de Maio de 1992, o Museu da Rádio da Radiodifusão Portuguesa SA, agora congregada na RTP SGPS, herdou todo o espólio que foi enviado pelos ouvintes do Rádio Clube Português (RCP) e todo o material técnico que, mercê da evolução tecnológica, foi deixando de estar ao serviço das estações que estiveram na génese da RDP, SA.

A ideia de um Museu da Rádio surgiu na década de 60 por iniciativa de José do Nascimento, um colaborador do RCP.
Em 1965, a direcção do RCP lança uma campanha de recolha de velhos receptores. Sempre que um ouvinte oferecia o seu antigo receptor, a Emissora Nacional comprometia-se à declaração de baixa do aparelho oferecido, isentando-o do pagamento de taxa.
A adesão ao projecto foi grande e a curto-prazo surgiu um problema de espaço para armazenar o material.
A falta de espaço nunca permitiu a instalação do museu, mas o projecto permaneceu e sobreviveu ao período conturbado que se viveu no RCP, por altura do 25 de Novembro de 1975.

O Museu da Rádio está instalado num palacete do século XVIII, em Lisboa, e reúne uma das mais significativas colecções existentes na Europa, composta por milhares de receptores, equipamentos de registo sonoro, de emissão, suportes de gravação e microfones. A exposição estende-se por 20 salas, algumas das quais temáticas.

Letícia Amorim e Salomé Silva