Manifestação

Balanço positivo da Manifestação de 4 de Novembro, diz Rosa Nogueira. E agora? “Agora estamos na fase que cumprimos nosso dever. Estamos à espera de mais acções”.

A Universidade de Aveiro (U.A.) teve pouca adesão à manifestação por coincidir com a época de exames. A representante dos alunos da U.A. conta que todos estavam de acordo com a iniciativa.

Pelas ruas da capital portuguesa, os estudantes universitários gritaram “acção social não existe em Portugal” e “bolsas sim, propinas não”. Rosa Nogueira compõe os chavões: “acção social está deficitária em Portugal e “bolsas sim, propinas não, apesar de em Aveiro se estudar nas melhores condições”.

As manifestações, essas, são a maneira mais visível de fazer uma contestação, mas talvez não deva ser muito utilizada.
Não será a manifestação uma acção radical, como declararam os presidentes das instituições privadas? “Eles estão a falar mal. Uma manifestação é um esclarecimento que se faz aos colegas, à população, à sociedade civil”, diz Rosa Nogueira.

Divisão público – privado

No mesmo dia, à mesma hora e na mesma cidade da manifestação nacional, as associações de Ensino Particular e Cooperativo realizaram um ENDA (Encontro Nacional de Direcções Associativas) extraordinário. A presidente da Associação Académica de Aveiro achou a marcação do ENDA um absurdo, uma irresponsabilidade e uma birra.

Contudo, não pensa que o Movimento Estudantil está mal, mas sim as pessoas que estão atrás dele. E acrescenta que as coisas funcionam muito bem quando estão unidos.

Nem as declarações do presidente da Federação Nacional das Associações de Ensino Superior Particular e Cooperativo (FNAESPC), José Alberto Rodrigues, [“há associações manipuladas por partidos de esquerda”] abalam a convicção de Rosa Nogueira: “Acredito que está toda a gente de boa fé. Poderão ser militantes, mas todos somos estudantes do Ensino Superior”.

Relação Ensino Superior – Política

A dirigente estudantil não se alonga em considerações sobre a possível submissão do Ensino Superior à política.
Mas o assunto nova lei da autonomia não lhe passa ao lado: “Retirar estudantes dos órgãos na gestão é muito grave. Estamos perante um panorama de Ensino Superior negro”.

E o Orçamento actual? “Tivemos, em Aveiro, um decréscimo de 4% devido à diminuição de alunos. De caminho, chumbam alunos porque baixa o Orçamento”, salienta. E caracteriza o orçamento como irreal e desconfortável.

Bolonha

A aluna universitária olha com reticências todas as questões adjacentes ao processo de Bolonha. É como, diz, “tentar pôr um elefante dentro do frigorífico”.
Na condição de estudante, Rosa Nogueira concorda com a existência de 1 ciclo que dure 3 a 4 anos e de outro ciclo com duração mínima de 1 ano. Mas a fixação dos anos tem de ser de acordo com as especificidades do curso.

E as consequências do processo de Bolonha na U.A.? “Temos sistema ECTS, que permite que os alunos tenham uma noção de como funciona; o ERASMUS; o Campo da Europa…”, refere.
E têm o rótulo do ECTS – Sistema Europeu de Transferência de Créditos atribuído pela Comissão Europeia. “É uma universidade muito associada à facilitação de intercâmbio”.

Está prometido que a discussão do processo de Bolonha não pára por aqui.

Ana Sofia Coelho