O JPN foi conhecer o serviço de urgências do Hospital de Santo António, no Porto.

O serviço de urgências do Hospital de Sto. António, que tem a capacidade de dar resposta a cerca de 300 doentes por dia, tem-se visto a braços com algumas dificuldades com o aumento em mais de 100 doentes por dia devido ao surto de gripe, criando assim enormes atrasos.

Ao chegarmos ao hospital, deparamo-nos com uma sala de espera cheia de doentes e acompanhantes. Os doentes distinguem-se por terem pulseiras de determinadas cores. É o sistema de triagem de que o Hospital Sto. António dispõe, que é feito através de fluxogramas. Os doentes emergentes entram de imediato, com pulseira vermelha, aos doentes muito urgentes é-lhes dada a pulseira laranja e aos urgentes uma pulseira amarela. Os restantes ficam com a pulseira verde ou até azul e estão sujeitos a longas horas de espera.

Ao falar com os utentes, as opiniões não divergem e consideram o serviço de urgências pouco eficaz. Mónica Santos, após duas horas de espera para ser atendida, é peremptória: “o atendimento é péssimo”. Célia Fortuna Pereira, que esperava há uma hora por uma ambulância que levasse o pai de regresso a casa, remete o problema para o habitual: “o nosso sistema de saúde já é conhecido, e no que as pessoas se queixam têm razão”. Maria Rosa tem um ar mais sereno. Já está habituada às horas de espera, pois é obrigada a recorrer ao serviço de urgências várias vezes: “acho que não deve haver médicos suficientes, porque realmente espera-se muitas horas”.

Quanto aos profissionais de saúde, remetem o problema das longas horas de espera para o facto de as pessoas recorrem ao serviço com alguma leviandade e sem passarem antes pelos centros de saúde, que, embora não em horário total, têm planos de atendimento de urgências para casos não tão graves como o caso das gripes e pequenas quedas.

Além do sistema de triagem, o Hospital Sto. António tem um avançado sistema informático que funciona sem papel e onde fica disponível a ficha de cada doente logo que este dá entrada no serviço, com os seus dados, patologia que apresenta e cor que lhe foi atribuída pelo fluxograma. Só o Hospital Sto. António e os hospitais de Chaves e Portalegre contam com este sistema.
Alguns Serviços de Urgências já contam com melhorias tecnológicas. Faltam agora as melhorias estruturais do sistema no geral, seja com mais médicos ou com uma maior aposta no atendimento dos centros de saúde. Enquanto isso, os utentes continuam a recorrer ao serviço de urgências dos hospitais.

Paula Coutinho