Investigadores, professores e estudantes de pós-graduação de todo o país, cuja investigação se situe na área da História da Educação reunem-se amanhã no auditório da Biblioteca Almeida Garrett, no Palácio de Cristal. O III Encontro de História da Educação é uma iniciativa conjunta da Universidade do Porto e da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação, e decorre até sábado.

O objectivo, de acordo com o professor na Faculdade de Letras da UP, Luís Grosso, “é fazer o ponto da situação, uma espécie de balanço do que tem sido a história da educação em Portugal”.

A história das instituições, currículos, discurso pedagógico e da escolarização da criança serão alguns dos temas em debate nesta edição de um encontro que decorre apenas de nove em nove anos. O primeiro teve lugar em Lisboa, no ano de 1987, seguindo para a cidade de Braga, em 1996.

A história da educação em Portugal

O encontro que agora começa no Porto é composto por três conferências e seis mesas temáticas e vai trazer à cidade alguns dos mais conceituados académicos de uma área de investigação que já começa a ser reconhecida dentro e fora do país. “Em Portugal há uma comunidade científica ainda pequena, mas muito activa. No âmbito da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação, quase que me atrevia a dizer que é das mais dinâmicas. Tem já algum destaque científico, quer a nível nacional, quer a nível internacional. Já temos nomes fortes, respeitados e conceituados a nível científico”, afirma Luís Grosso.

E numa altura em que tanto se fala em crise do sistema educativo, torna-se cada vez mais relevante reflectir estas questões. Mas será que a educação está mesmo em crise? A resposta de Luís Grosso é negativa: “Muitas das coisas que ouvimos hoje em dia sobre a alegada crise da educação são clássicas na História da Educação, estudadas desde os finais do século XVIII até à actualidade. Há sempre um espectro de degradação, de pessimismo. Parece-nos que estamos sempre a evoluir em direcção ao precipício, mas o precipício vai sempre sendo adiado”.

No diagnóstico à educação no nosso país, o professor vai ainda mais longe, ao afirmar que “podemos dizer que a história da educação em Portugal está de boa saúde e recomenda-se!”.

Planos para o futuro

A médio prazo, está previsto o lançamento de uma revista sobre história da educação que tivesse no mínimo uma periodicidade anual. No entanto, tudo permanece no domínio das ideias. E até à passagem para o papel, ainda há um longo caminho a percorrer. Luís Grosso justifica o adiamento constante com dificuldades financeiras: “Não se vai tomar nenhuma decisão nesse sentido para já. Temos que fazer um estudo económico muito sério sobre esta questão. Não é fácil numa conjuntura de recessão económica. Uma revista destas teria que ser financiada pelas universidades, o que neste momento é complicado.”

Anabela Couto