O colapso de grande parte das infra-estruturas nas ilhas de Nias e Simeulue, as mais afectadas pelo sismo da passada segunda-feira ao largo da costa noroeste da Indonésia, está a dificultar o trabalho das organizações humanitárias. Algumas estradas estão intransitáveis, situação a que se junta a queda de algumas pontes na região. Muitas zonas só são acessíveis de mota, o que dificulta o transporte dos feridos para as áreas de emergência médica.

O tremor de terra atingiu a Indonésia por volta das 23h00 locais (17h00 em Portugal), altura em que muitas pessoas estavam a dormir nas suas casas. As diversas organizações a operar na região temem por isso que muitas pessoas tenham ficado presas nos escombros das casas.

A situação tem levado a algum desespero por parte dos habitantes de Nias, que tentam levar os meios de remoção de escombros para junto dos locais onde familiares podem estar soterrados. As agências humanitárias pedem por isso mais meios, apesar de muito material de ajuda e de primeiros-socorros já se encontrar na zona afectada, por força do tsunami de 26 de Dezembro.

O vice-presidente indonésio, Yusuf Kalla, admite que podem existir “1.000 a 2.000 pessoas mortas” na ilha de Nias. A declaração de foi proferida numa entrevista à BBC. O porta-voz da Organização Internacional de Migração no norte da Indonésia, Paul Dillon, aponta para “mais de 2.000 pessoas a precisarem de cuidados médicos”. Muitas das vítimas não foram assistidas devido aos cortes de energia que afectaram o principal hospital da ilha. Para além disso, muitos médicos e enfermeiros fugiram para zonas no interior, receando um tsunami.

A ilha de Nias já tinha sido afectada pelo tsunami de Dezembro de 2004, que provocou um total de 273.000 mortos e desaparecidos. As consequências do sismo de segunda-feira no Sudeste Asiático ainda não são conhecidas por completo, mas milhares de pessoas fugiram das zonas costeiras, em países como a Indonésia, o Sri Lanka, a Índia e a Tailândia, receando uma nova onda gigante. De acordo com a agência geológica norte-americana, o sismo atingiu uma magnitude de 8,7 na escala de Richter, o que o classifica como “um dos quatro ou cinco sismos mais poderosos dos últimos 100 anos”.

João Pedro Barros