A notícia estalou como a primeira grande medida proposta pelo novo governo e levantou uma polémica que está longe do fim. A venda de produtos não sujeitos a receita médica fora das farmácias é algo que se pratica já em alguns países como o Reino Unido ou os Estados Unidos, mas mesmo nestes países e depois de aplicada há vários anos, a medida ainda não é consensual.

Por cá as opiniões dividem-se entre os que defendem a venda livre fora dos locais habituais, como a Ordem dos Médicos, e os que contestam este projecto do Governo, a Associação Nacional de Farmácias (ANF).

Por seu lado, a Apifarma demarca-se um pouco de toda esta polémica. “A Apifarma tem as suas empresas onde estiver o mercado. O mercado neste momento está nas farmácias, se o mercado abrir para outros canais, elas estarão aí com certeza”.

Em declarações ao JPN, Isabel Saraiva, directora-executiva da Apifarma, disse ainda que, ao aplicar-se esta medida, “o que é importante é que não haja uma banalização do medicamento, que o conceito do medicamento, se sair da farmácia, não se dilua em conceitos mais vastos como são os das grandes superfícies”.

Relativamente à questão da auto-medicação, a principal haste da bandeira do “não” dos farmacêuticos em relação à venda livre, Isabel Saraiva diz que “a auto-medicação, no sentido de as pessoas procurarem medicamentos não sujeitos a prescrição médica e que sejam tomados de acordo com as indicações expressas nos seus folhetos informativos, não é um perigo. Os medicamentos de venda livre são parceiros indispensáveis num sistema de saúde, desde que seja observado um determinado número de precauções.”

Letícia Amorim