A morte do líder carismático da monarquia do Mónaco veio reacender a discussão sobre o futuro do principado. Até aqui o Mónaco seria anexado a França na ausência de um herdeiro varão.

Alberto era a escolha mais óbvia. Porém, o príncipe tem adiado permanentemente uma relação que o levasse ao casamento. Alimentou publicações “del corazon” com efémeras ligações amorosas com as mais belas mulheres do palco monegasco.

Rainier cedo se preocupou com a faceta de “playboy” do filho pouco “sensível às questões da governação do principado”. Por isso, alterou a constituição do Mónaco: agora, se Alberto permanecer sem descendência, as irmãs Carolina e Stephanie podem seguir-se ao irmão. Ambas as irmãs têm ao todo sete filhos, pelo que para já a sucessão da monarquia monegasca parece estar assegurada.

A pressão acumula-se

Até aqui a vida da monarquia monegasca preenchia os pré-requisitos de uma história encantada de príncipes e princesas, mas nem sempre foi assim. Este conto de fadas teve um primeiro ponto de viragem com a morte da princesa Grace Kelly, em 1982, num trágico acidente de automóvel. Desde então, os herdeiros reais foram obrigados a desenvolver o seu papel de “embaixadores do Mónaco” aproximando-se progressivamente do público.

Os média desempenharam um papel de destaque nessa aproximação. A relação com a comunicação social não é nada de novo para a família real monegasca. Essa ligação foi sempre bem acolhida como forma de divulgar o Mónaco além fronteiras e atrair o turismo para o principado.

O dia-a-dia glamoroso dos herdeiros ao trono do Mónaco atraia as objectivas dos “paparazzi” que alimentavam todo um folhetim novelístico feito de fragmentos de uma vida “real” em dois sentidos.

A morte de Rainier é mais um capítulo negro que vem alterar este panorama “cor-de-rosa”. Alberto e irmãs começam agora a sentir a pressão pública que exige uma governação mais digna e consistente do que a que tem sido demonstrada até aqui pelos príncipes.

Hugo Manuel Correia
Foto: BBC News