Mais de 200 líderes mundiais estiveram presentes na Basílica de S.Pedro. As cerimónias fúnebres reuniram líderes de todos os quadrantes políticos e de países com grandes divergências.

George W. Bush, o presidente norte-americano, numa situação quase impensável noutro contexto, esteve sentado perto do presidente sírio Bashar al-Assad e do líder iraniano Mohammad Khatami, dois dos países a que os Estados Unidos da América têm feito repetidos “avisos”, depois da invasão do Iraque.

Mas sírios e iranianos não foram os únicos ‘vizinhos incómodos’ para os norte-americanos, já que uma delegação cubana, sem Fidel Castro, esteve também presente no Vaticano. Também o presidente Moshé Katzav, que liderou a delegação israelita, esteve perto dos representantes da Autoridade Palestiniana, do Egipto e do Líbano.

A China não enviou nenhum representante devido à presença do presidente de Taiwan. Recorde-se que a China cortou as relações com o Vaticano em 1951, dois anos após a subida do Partido Comunista ao poder.

Milan Rados, professor de Ciência Política na Faculdade de Letras da Universidade do Porto vê este funeral como um “enorme assembleia mundial extraordinária”. O professor afirma que “ todos os estadistas marcam presença no funeral para poderem, também, efectuar encontros bilaterais”.

Karol Jósef Wojtyla, o Papa “itinerante”

Com 26 anos de pontificado, João Paulo II foi o primeiro Papa polaco e o primeiro estrangeiro após 455 anos de sumo pontífices italianos. Interventivo, as palavras de João Paulo II não esqueceram o mundo em convulsão, apelando incansavelmente à paz e ao combate à pobreza.

Apelidado de “desportista de Deus”, João Paulo II marcou o seu pontificado pelas inúmeras viagens que realizou. Estima-se que terá percorrido o equivalente a três vezes a distância da Terra à Lua.

O Papa esteve quatro vezes em Portugal: em 1982, um ano após o atentado na praça de S.Pedro; em 1983 fez escala em Lisboa quando ia a caminho da América Latina; em 1991, para marcar os 10 anos do atentado ;e, em 2000, a última visita, durante o Jubileu.

”O Papa viaja para anunciar o evangelho, para confirmar os seus irmãos na fé, para consolidar a Igreja, para encontrar o homem”, afirmou num discurso à Cúria Romana, em 28 de Junho de 1980.

Milene Câmara
Foto: Público