A elevada dependência de Portugal face ao estrangeiro agravou-se em Janeiro de 2005. A balança comercial portuguesa continua muito deficitária, não só no que se refere aos negócios com países da União Europeia (UE), mas também nas trocas com países extracomunitários. A aposta do governo PSD/PP, principalmente no tempo de Durão Barroso e Manuela Ferreira Leite, de fazer crescer a economia sobretudo pela via das exportações parece então não ter resultado.

Os dados publicados hoje pelo INE revelam que, face ao mesmo período do ano passado, o défice da balança comercial com os países da UE cresceu 23,5% e com os países do resto do mundo subiu 30,1%. Segundo a mesma fonte, a taxa de cobertura homóloga desceu 5 pontos percentuais, fixando-se nos 54,5%. Significa isto que só cerca de metade das importações são pagas pelas exportações, dado que mostra a elevada dependência de Portugal face ao estrangeiro.

Os negócios com os países da OPEP são os que mais contribuíram para o crescimento do saldo negativo, sendo provável que os elevados preços do petróleo tenham sido determinantes para o aumento do valor das importações desta zona do Médio Oriente.

De referir também que a China representa já 5% das importações totais, mas será ainda demasiado cedo para avaliar os efeitos na balança comercial portuguesa da liberalização da entrada dos chineses no mercado de texteis europeu.

Os principais parceiros comerciais europeus são a Alemanha, a Espanha e a França e, nos países do resto do mundo, destacam-se os EUA e a OPEP e a EFTA entre aqueles que mais negociaram com Portugal.

Miguel Conde Coutinho