Não é fácil encontrar o museu da Faculdade de Belas-Artes do Porto. Não há grandes indicações e os corredores que é preciso percorrer para lá chegar parecem inacessíveis. Mas numa instituição com 225 anos de história e uma tradição de formar grandes nomes da arte em Portugal, ele tinha que existir. Mesmo que longe dos olhares do público menos atento e em condições longe de serem as ideais.

Lúcia Matos é responsável pelo museu. A directora prefere referir a palavra “colecção”, uma vez que o espaço “não tem condições físicas para poder ser um museu”. Explica ainda que as obras não podem ser vistas pelo público porque “a sala de exposições não é adequada a mostrar a colecção, por questões de humidade e temperatura”. Mesmo assim, o espaço dispõe de uma técnica especializada na conservação da colecção e ocasionalmente, as obras, entre as quais existe um desenho de Leonardo da Vinci, podem ser vistas noutros locais, como já aconteceu no passado, no Centro Cultural de Belém ou no Museu do Prado, em Madrid.

O que pode ser visto regularmente pelos visitantes são as exposições de trabalhos dos alunos, como a que está actualmente em exibição, dedicada à fotografia. Mesmo assim, ver todas as mostras requere uma certa dose de exercício, uma vez que é preciso subir as escadas que levam à sala bastantes vezes. Cada exposição chega a estar apenas três dias disponível ao público, devido à enorme quantidade de trabalhos efectuados pelos cerca de oitocentos alunos da instituição. Lúcia Matos sugere que se juntem “em grupos de dez ou doze pessoas e assim poderão ficar 15 dias, como é o caso actual”.

Um museu da UP

Uma das questões de que se tem ouvido falar é a da eventual criação de um museu da Universidade do Porto no qual, a ser concretizada a ideia, a Faculdade de Belas-Artes teria necessariamente uma intervenção importantíssima. Lúcia Matos admite que participou “em várias equipas que foram trabalhando a ideia”, mas refere que “a ideia mais correcta é a de manter as colecções da UP em cada faculdade e fazer uma espécie de infra-estrutura comum ao nível da disponibilidade online”. Segundo a responsável pelo museu de Belas-Artes, “os projectos que têm sido propostos não são muito estruturados e têm a ver com a integração das colecções de todas estas faculdades numa espécie de roteiro da Universidade do Porto, não se trata de as reunir num espaço físico comum”.

Publicações, investigação e Internet

Com as dificuldades ao nível do espaço físico, a actividade do museu de Belas-Artes está actualmente mais virada para as publicações, como a revista anual Apontamentos, bem como para a organização de colóquios e para o registo de obras e estudo da colecção já existente, que conta com cerca de três mil pinturas, desenhos e esculturas e outras tantas gravuras ainda por estudar. Para prosseguir a investigação, foi celebrado um protocolo com a Casa-Museu Teixeira Lopes.

Neste momento, o museu de Belas-Artes está também a reestruturar a sua página na Internet. O responsável pelas mudanças é José Carneiro, ex-aluno da faculdade, que tem vindo também a colaborar com alunos da área de Multimédia do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação, para o desenvolvimento de uma cronologia online. Dentro de um mês, será possível visitar o site do museu, já com o formato alterado.

Carlos Luís Ramalhão