Os bonecos das crianças doentes que acorrem, até ao fim desta semana, ao Hospital Santo António são vedetas neste estabelecimento de saúde.
Por entre ursos, Barbies, Nenucos, sapos, leõezinhos e tartarugas, as centenas de crianças transportando “doentes” para examinar, falam afinal das suas próprias dores aos médicos que as atendem.

O Flávio trouxe o “Rafael” porque “comeu muito, muito, muito e ficou com dores de garganta…”, nas suas palavras. Já o Xavier trouxe o “Ratinho” ao médico “porque ele caiu e partiu uma perna”. Nos pacientes-bonecos das meninas, os problemas encontrados foram a tosse e as dores de barriga. Como disseram a Rita e a Joana ao JPN: “viemos com os nossos bonecos porque eles têm dores de barriga e estão mal dispostos”.

Com uma média de “60 crianças por hora a chegar todos os dias”, como disse Teresa Ramôa, o Hospital de Santo António transformou-se em certos momentos do dia num verdadeiro dois em um: infantário e loja de brinquedos. Brinquedos à parte, Teresa Ramôa fala do comportamento das crianças que lá aparecem: “ Há crianças muito extrovertidas que chegam e falam e pegam no boneco e explicam logo tudo.Depois há aquelas mais envergonhadas, mas que no fim da consulta já se ambientaram.”

Para ajudar ao relacionamento de crianças de várias escolas e jardins infantis, foram montadas no Hospital de Santo António salas de espera com placards para fazer desenhos, enquanto o “senhor doutor” não chega com a ficha clínica. O boneco, esse, é que nunca sai da mão, nem mesmo na hora de o examinar.

O uso do boneco como “paciente” a examinar, serve para que as crianças comecem a perder o medo aos hospitais e a procedimentos tão rotineiras como vacinar-se. A visita termina com um lanchinho que volta a encher os pequenos estômagos e com um “adeus senhor doutor” . Na próxima vez a consulta talvez dispense o intermediário: o boneco.

Bruna Pereira