Na passada quarta-feira, o Parlamento Europeu deu luz verde à adesão da Bulgária e da Roménia à União Europeia, a 1 de Janeiro de 2007. A adesão dos dois países está sujeita à implementação de reformas políticas e económicas, como o combate à corrupção, o fortalecimento do sistema administrativo, bem como o controlo das fronteiras e a introdução de políticas de concorrência. A Roménia é vista como a mais mal preparada e com problemas graves de corrupção.

A propósito desta adesão, o JPN falou com Milan Rados, professor de ciência política da Universidade do Porto (UP). O professor afirma que “a adesão da Bulgária e da Roménia à União Europeia significa mais um passo na realização do programa que se estabeleceu depois da queda do Muro de Berlim, que passava por apoiar a democracia liberal” e por acabar com o comunismo.

Milan Rados explica que estão a aderir dois países “muito pobres e com graves problemas de desenvolvimento”, pelo que “a Europa terá de gastar muito dinheiro para ajudar estes dois países a crescer economicamente, para que possa haver respeito pelos direitos do homem”.

Segundo Milan Rados, esta adesão “é mais uma dor de cabeça” para Portugal. Milan Rados afirma que “75% dos portugueses têm a 4ª classe” e que na “União Europeia não há emprego para essa gente”. O professor de ciência política explica que dos países de leste vêm “trabalhadores com mais preparação, porque o comunismo investiu na escola”. Milan Rados admite que “essa preparação pode não ser de qualidade, nem adequada tecnicamente, mas a capacidade desses trabalhadores aprenderem é superior à dos portugueses”. O professor pensa por isso que Portugal vai perder algumas oportunidades de emprego para estes trabalhadores.

A União Europeia não vai terminar com o não da França no referendo

A propósito do possível não dos franceses ao referendo sobre a Constituição Europeia, Milan Rados desdramatiza a situação. O professor afirma que a União Europeia sofrerá um abalo, mas que não será destruída, porque “já lá vão mais de 50 anos de cooperação económica e social, cooperação útil para todos”.

O professor de ciência política justifica o presumível “não” dos franceses à Constituição Europeia, porque “a maioria da população considera que a Constituição [europeia] é inspirada pelo pensamento liberal e na França existe maioria social”. Milan Rados explica que a rejeição dos franceses “não é à integração europeia, mas a rejeição da integração de um modelo que eles consideram neoliberal”.

Andreia Ferreira
Foto: Europa