Para tentar solucionar o problema dos baixos níveis de literacia dos alunos portugueses em Matemática, o governo propôs hoje uma série de medidas, entre as quais a maior estabilidade nos professores do 1º ciclo, o preenchimento dos furos e alargamento do horário de funcionamento das escolas do 1º ciclo, com o objectivo de haver estudo acompanhado de matemática e inglês.

Para João Paulo Silva, membro do Sindicato dos Professores do Norte, “algumas medidas fazem algum sentido”. João Paulo Silva afirma que, “de facto, não faz sentido pensar que um professor do 1º ciclo poderia sê-lo sem ter tido matemática no secundário”. O sindicalista sublinha a importância de haver formação contínua e experimentação em matemática. João Paulo Silva diz, contudo, que a experimentação “quase não é possível” nas escolas portuguesas, devido ao pouco desenvolvimento tecnológico português. Como professor de matemática, João Silva, defende que “enquanto os miúdos tiverem dificuldade na língua portuguesa”, a matemática também será afectada.

Também a vice-presidente da Associação de Professores de Matemática defende que a explicação para os baixos níveis de literacia a matemática dos alunos portugueses “não passa só pelos professores”. Manuela Pires afirma que deve haver uma maior flexibilização no ensino. Defende uma maior autonomia das escolas em relação ao poder central, de modo a que cada uma das instituições tome medidas no sentido de tornar o ensino da matemática mais eficaz. A professora de matemática pensa que cada escola tem as suas particularidades que devem ser respeitadas.

O baixo nível cultural dos pais da maioria dos alunos portugueses é outro dos factores apontados por Manuela Pires para o insucesso na matemática. A Associação de Professores de Matemática considera “positivas” as medidas anunciadas hoje por José Sócrates. Manuela Pires defende, no entanto, que as medidas anunciadas para o 1º ciclo se devem estender ao 2º e 3º ciclos.

Andreia Ferreira