Ivo Ferreira está detido pelas autoridades do Dubai há três semanas por fumar haxixe. Autoridades portuguesas tentam resolver a situação.

Desde 5 de Abril que o realizador português, Ivo Ferreira, se encontra detido pelas autoridades locais, sob acusação de consumo de haxixe. Segundo o actor e pai do cineasta, Cândido Ferreira, a denúncia partiu da ex-namorada do amigo, um produtor palestiniano, com quem partilha casa nos Emirados Árabes Unidos (EAU), arriscando-se agora o jovem realizador a ser condenado a uma pena de cinco anos de prisão.

As autoridades policiais do Dubai terão encontrado restos de um “charro” (cerca de 0,2 gramas de haxixe) no apartamento. Ivo Ferreira foi detido e vestígios da droga sido detectados em análises efectuadas à urina. O haxixe terá alegadamente sido trazido ilegalmente do Egipto pelo amigo que terá agora de responder pelo crime de tráfico de droga.

Cândido Ferreira revelou ainda que o filho terá ficado três dias numa cadeia (partilhada com mais 18 estrangeiros) numa esquadra no Dubai, tendo sido algemado, forçado a permanecer virado para a parede, espancado pelos agentes e interrogado durante 60 horas para que revelasse eventuais nomes de consumidores e traficantes de haxixe. Isto numa altura em que as autoridades do Dubai estão muito empenhadas numa campanha anti-droga nos EAU.

Autoridades portuguesas tentam desbloquear a situação

A família de Ivo Ferreira tenta agora todos os meios para que o realizador luso seja libertado o mais rapidamente possível. Cândido Ferreira tem vindo a solicitar a intervenção do ministro dos Negócios Estrangeiros português, Freitas do Amaral, que já terá enviado o embaixador português colocado na Arábia Saudita, uma vez que os EAU não possuem representação diplomática portuguesa. No entanto, o diplomata não terá conseguido desbloquear a situação, tendo encontrado diversos obstáculos no terreno, e dificuldades para encontrar um advogado que represente Ivo Ferreira em tribunal, revelou Cândido Ferreira. Apesar das dificuldades, a Ordem dos Advogados já se terá disponibilizado para garantir a defesa do jovem, lembrando, no entanto, que é necessário esperar pela resposta das autoridades do Dubai.

Curiosamente, em casos semelhantes de posse de droga em países de fiscalização tão apertada a falta de representação diplomática resultou na libertação dos infractores de origem europeia, o que não aconteceu neste caso.

Confronto entre família e Ministério dos Negócios Estrangeiros

O pai de Ivo Ferreira terá pedido apoio há semanas, mas o MNE só ontem, quinta-feira, terá feito o pedido de clemência ao governo do Dubai, o qual possibilitaria a repatriação do realizador português. O MNE garante que o apoio foi prestado no dia seguinte à detenção. “Não fizemos foi alarme disso”, afirmou o porta-voz do ministério, Carneiro Jacinto, em declarações à TSF.

Ivo Ferreira também se queixa da falta de apoio das autoridades portuguesas, mas revela-se satisfeito com a notícia de que o pedido já terá sido feito.
Apesar de tudo, a diplomacia portuguesa revela-se confiante numa resolução favorável do caso.

O embaixador na Arábia Saudita tem “mantido contacto regular” com o detido que “recebe também assistência consular dos parceiros comunitários” de Portugal, refere o comunicado divulgado pelo MNE ao final da noite de ontem, quinta-feira.

Daniel Brandão