As obras da saída do túnel de Ceuta foram embargadas. Os comerciantes, saturados com o impasse, são os mais prejudicados.

A conclusão da saída do túnel de Ceuta, no Porto, foi mais uma vez dificultada. A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, embargou a obra no ínício da Rua D. Manuel II, com a assinatura de um despacho prosposto pelo Instituto Português do Património Arquitectónico, entregue ontem no local.

Os comerciantes da zona estão inconformados com a continuação da paragem da empreitada. O negócio está cada vez pior desde que os trabalhos começaram.

Maria dos Anjos tem uma mercearia frente ao hospital S. António há 40 anos e nunca sofreu uma crise tão grande como a que existe desde que o túnel de Ceuta começou a ser construído. “Nós, os comerciantes, é que estamos aqui a sofrer. Não faço mais do que 5 euros por dia desde que as obras começaram. Não dá para nada, não dá para pagar os impostos, nem a renda ao senhorio, nem àgua e nem a luz”, queixa-se a vendedora. “Levanto-me às 6 da manhã para ir ao mercado às compras e depois tenho que meter a maior parte da coisas ao lixo, porque as pessoas fogem daqui. Mais valia estarmos deitados na cama”, continua.

O embargo do túnel de Ceuta não parecia ser novidade para os comerciantes da zona. Ana Costa confessa que “o embargo já não foi surpresa”, mas que a situação “não pode continuar assim. Os responsáveis têm que chegar a um consenso”. Para a vendedora, os desentendimentos entre a Câmara do Porto, IPPAR e Ministério da Cultura, quanto à saída do tunel, não passam de uma estratégia “com vista as próximas eleições” autárquicas. “Eu já nem sei que opinão devo formar, porque todos os dias há novidades, acordos novos… Agora é só esperar os acontecimentos”, conclui.

Mas nem só do mau negócio estão fartos todos aqueles que ali passam os dias. O término da empreitada acabaria também com o indesejado “barulho, pó e com as redes… Parece que estamos aqui numa cadeia”, reclamou Maria dos Anjos. O túnel de Ceuta começou a ser feito há seis anos.

Parte das obras abragidas pelo embargo estavam já estagnadas desde 23 de Março. Por cada dia paradas, são desperdiçados 20 mil euros.

O embargo foi justificado pela Ministério da Cultura como uma “medida de reposição da legalidade” e “com o fim único de assegurar a defesa e salvaguarda de um conjunto patrimonial de alto valor à escala nacional”, o Museu Soares dos Reis.

Milene Marques