Um alerta emitido pelo Departamento de Negócios Estrangeiros e Comércio do governo australiano aponta para a possibilidade de um atentado terrorista a ocorrer no próximo dia 11 de Maio.

No comunicado emitido as 20:32 (12:32 em Lisboa), o mesmo departamento indica que foram recebidas “novas informações quanto à eventualidade de um ataque bombista contra edifícios governamentais timorenses em Díli no dia 11 de Maio”. O governo australiano já avisou os seus cidadãos residentes em Díli para que evitem, na quarta-feira, aproximar-se de edifícios governamentais na capital timorense.

O primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, afirmou à Lusa que “questões como estas são para serem levadas a sério”, acrescentando que a ameaça se fez através do telefonema de um homem, “com sotaque de timorense a falar em inglês”.

Al-Qaida terá entrado no País em Março

Em Março, uma informação reservada apenas à comunidade diplomática em Timor-Leste indicava que quatro alegados membros da rede terrorista Al-Qaida teriam entrado no país. Os quatro membros da Al-Qaida foram identificados como sendo Feroz Abu Bakar Ganchi, de nacionalidade sul-africana, Zubair Ismail, também de nacionalidade sul-africana, Mushin Fadhi, identificado como “Ayib” Ashur Al Fadhil, ou Abu Samia, nascido no Kuwait, e Mustafa Akman, também conhecido por Abu Ubaydah al Turki, ou Ubaida Ubeyde, de nacionalidade turca.

A primeira referência a estes quatro homens foi feita num documento reservado às autoridades indonésias, colocado em circulação restrita a 31 de Janeiro. Neste documento, o serviço de informações indonésio sublinhava a intenção destes homens atravessarem a fronteira e entrarem em Timor-Leste. No entanto, o primeiro-ministro timorense afirmou à Lusa que estes alegados membros da Al-Qaida não entraram no território, tendo mesmo garantido que um deles se encontrava preso nos Estados Unidos.

Timor-Leste apontado como potencial alvo de atentados terroristas

Em Dezembro de 2004, um “site” islâmico considerou Timor-Leste como um dos potenciais alvos de atentados terroristas, tal como os Estados Unidos, União Europeia e Nações Unidas. A informação, publicada com o título “Tragédia dos Muçulmanos em Timor-Leste”, foi divulgada no “site” indonésio do Hizb ut-Tahrir, o Partido Islâmico de Libertação (PIL).

Em causa estava a expulsão de cidadãos indonésios que ocupavam a mesquita de Annur, em Díli, considerada pelo Hizb ut-Tahrir, como perseguição religiosa. Mais de 200 cidadãos indonésios, segundo o chefe da diplomacia timorense, José Ramos Horta, ligados à organização radical Islâmica “Al Mufarridiah”, foram expulsos.

À organização islâmica é imputada a autoria de vários atentados terroristas, entre os quais o de 2002 na ilha indonésia de Bali, em que morreram 202 pessoas, e o de 2004 contra a embaixada australiana em Jacarta, em que morreram 11 pessoas.

A expulsão dos cidadãos indonésios de Timor-Leste provocou um reforço das medidas de seguranças e uma missão de assistência mantida pelas Nações Unidas. Um relatório de 7 de Dezembro do ano passado, de circulação restrita à comunidade diplomática em Díli, referia, que apesar da expulsão, a rede “Al-Mufarridiah” continuava activa no território.

Pedro Sales Dias
Foto: Al-Manac