“Uma saudação àqueles que acabam o curso, para os cartolados. É mostrar à cidade de Coimbra os novos formados”. É assim que João Carlos, estudante de Engenharia Electrotécnica, define o cortejo de Coimbra. Já para Hugo, de Química Industrial, “o cortejo é destinado aos quarto-anistas, que vão em cima dos carros. Os quinto-anistas vão à frente e os caloiros atrás – e deixam de o ser. E depois junta-se toda a outra comunidade e os familiares, e é uma festa. Uma festa em que se celebra a saída de uns e a entrada de outros na Universidade”, diz.

As opiniões dividem-se entre a alegria e euforia do momento e a nostalgia do que fica para trás, no significado atribuído ao cortejo.

“Este é, sem dúvida, um cortejo inesquecível, porque é o meu último. Sinto-me muito feliz por isso, e é uma experiência única, afirma Joana, finalista de Economia. A estudante fala ainda com saudade: “Vivi muito em Coimbra, e este ciclo preparou-me muito para o futuro. Todo este convívio que nós temos… Todos os cortejos, a Queima em si, a faculdade… Acho que por isso vais ser difícil deixar Coimbra. Mas tem de ser, a vida continua!”.

Hugo, finalista de Química Industrial, prefere gozar o momento. “Para concretizarmos uma boa festa, juntamos normalmente três coisas: música, álcool e mulheres. Basta olhar para isto… temos cá tudo!”, diz.

Paula Pereira, segundo-anista de Psicologia, vê o cortejo como “o ponto alto da Queima. Toda esta socialização e este convívio… A gente gosta sempre, porque é sempre diferente”. E explica porquê: “É o espírito académico que aqui é diferente de todos os outros cortejos. Também conheço a Queima de Lamego e não tem comparação nenhuma. É o espírito e o convívio sobretudo”.

“O que queremos é que toda a gente se divirta, que haja companheirismo. E que tanto os estudantes de Coimbra, como os estudantes de outro lado, ou as pessoas que não tiveram oportunidade de estudar, se divirtam”, explica João Pedro, do segundo ano de Engenharia Mecânica. “É a meca dos estudantes”, acrescenta o colega de curso João Santos.

Um cortejo bem regado

“Bebe-se muito, mas também se estraga muito. Tenta-se alcançar o exagero. Estraga-se muito e acaba por ser quase uma publicidade”, opina João Carlos. Publicidade que também voa. De vez em quando, um parapente sobrevoa o cortejo com mensagens publicitárias estampadas.

“Quando o objectivo é tentar bater recordes de bebida de ano para ano e as coisas se encaminham para esse lado, não sei onde podem parar!”, continua João Carlos.

Para Gisela Costa, finalista de Medicina, o facto de se beber tanto “é compreensível num ambiente de euforia. Mas tem também o seu lado negativo, porque há muitos acidentes”. “Como estudante de medicina, no ano passado conheci muitos casos de violações – alguns rapazes aproveitam-se do facto de as raparigas estarem bêbedas – e há assaltos…”, afirma.

Os excessos do cortejo são os excessos da cerveja. João Pedro diz que “as pessoas têm que conhecer o seu limite”. “Isto é uma semana durante o ano, depois de passarmos tanto tempo a estudar. Acho que temos direito a um pouco de diversão”, confessa.

Hugo Manuel Correia
Letícia Amorim