Nem só de estudantes se faz o cortejo de Coimbra. À semelhança do que acontece um pouco em cada cidade universitária do país, mas com mais intensidade, o cortejo movimenta milhares de pessoas. Sem eles, estudantes ou não, não haveria festa.

Milhares de familiares e curiosos começam a aglomerar-se ao início da tarde de terça-feira nas ruas que vão do o Largo D. Dinis até Santa Clara, para assistirem à segunda festa do ano lectivo nas ruas. Depois da Latada, o cortejo da Queima reúne a cidade “à volta dos estudantes”.

Fátima Paiva veio pelo segundo ano a Coimbra para ver a filha, estudante de Letras. “Também conheço o cortejo de Viseu, mas o de Coimbra é muito maior, tem muito mais gente e vive-se mais aquele espírito de estudante”, diz.

Carolina, tia-avó de um estudante de Arquitectura, vem a Coimbra sempre que tem familiares na festa e diz que gosta “muito de tudo, dos carros e da alegria desta festa”.

Mas o cortejo também é uma boa oportunidade de negócio para os vendedores dos mais diversos tipos de adereços festivos, em especial das flores que, em conjunto com os carros, dão cor ao cortejo.

Para os floristas que se vão abeirando da face da rua para montarem as suas mesas de negócio o mais perto possível daqueles que assistem à festa, o dia começou muito cedo. Olinda veio pela primeira vez vender para um cortejo. “Decidimos vir experimentar, não sabíamos como podia correr, mas resultou. Estamos cá desde as 8 da manhã e já vendi muitas flores. Agora estou só à espera que acabe para irmos embora”, diz.

Já para os cantoneiros, o trabalho acrescido destes dias de Queima e, em especial, do desfile do cortejo, não deixa de ser uma alegria. “É difícil. São precisas cerca de 8 horas para limpar isto tudo. Mas a nossa relação com os estudantes é boa!”, afirma António Manuel com um sorriso nos lábios.

Muita bebida, mas sem incidentes

De vez em quando ouvem-se sirenes de ambulância. Um som que se funde com o estilhaçar de garrafas de cerveja atiradas pelos estudantes que vão em cima dos carros contra o chão, ou dos cacos de vidros que vão ficando debaixo das rodas ou dos sapatos pretos dos “desfilantes”.

A cerveja abunda entre os participantes. O aglomerado de copos e garrafas que vão ficando para trás à passagem do cortejo são como uma ”imagem de marca” do desfile. Contudo, não se registou este ano, qualquer caso grave. António Gonçalves, socorrista da Cruz Vermelha, diz que o balanço deste ano é melhor do que o do ano passado. Não tiveram nenhum caso problemático, “só um entorse”. O socorrista considera que “o problema está na segurança rodoviária. Os estudantes não podem conduzir com álcool. As noites da Queima podem ser um problema na estrada”. Este ano, enquanto esteve de serviço, já teve que se deslocar para socorrer um estudante que se despistou. “Conduzia com 1,4 gramas de álcool”, explica.

Do lado da PSP, a tarde foi “apagada” em termos de incidentes. Para o comissário António Neto, o cortejo e as Noites do Parque “têm corrido muito bem”.

Hugo Manuel Correia
Letícia Amorim