Algumas associações e partidos nacionais entregaram hoje na Assembleia da República, ao final da manhã, uma petição a pedir a criação de um Dia Mundial contra a Homofobia. O objectivo desta petição que circula a nível internacional, e que em Portugal já recolheu mais de duas mil assinaturas, é combater “todas as formas de violência física, moral ou simbólica ligadas à orientação sexual”.
Para além da associação organizadora, a ILGA (International Lesbian and Gay Association), estiveram na Assembleia da República outras entidades que promoveram a iniciativa, como o Bloco de Esquerda, a Juventude Socialista e as associações Panteras Rosa, UMAR e Não Te Prives.
Para o presidente da OpusGay, António Serzedelo, “não basta travar este preconceito a nível das Nações Unidas. É preciso transportá-lo para cá, para a agenda nacional que é aquela que os gays, as lésbicas, e os portugueses em geral sofrem todos os dias”. O presidente da OpusGay considera, em declarações ao JPN, que “o dia 17 de Maio tem que se transformar não só numa numa luta contra a homofobia, mas também contra a transfobia e a lesbofobia”.
Por enquanto, no âmbito das Nações Unidas, há ainda muitos países que não aderiram à petição. A Argélia, o Senegal, os Camarões, a Etiópia, o Líbano, a Jordânia, a Arménia, o Koweit, o Porto Rico e a Nicarágua são apenas alguns exemplos de uma extensa lista. António Serzedelo considera, por isso, que esta é “uma luta que tem que ser travada com muito cuidado, porque isto é uma luta global, e é preciso juntar cada vez mais gente a esta questão. Se a petição não for aprovada este ano ou para o ano, será daqui a dez anos”.
“É preciso haver uma lei contra os comportamentos de ódio
Esta iniciativa surgiu poucos dias depois da organização de uma manifestação em Viseu contra os ataques a homossexuais que terão ocorrido naquela cidade. Essa é uma experiência que António Serzedelo considera que se deve estender a outras cidades do país: “justificavam-se por todo o país. O que eu não sei é se haverá capacidade para as fazer, porque as organizações funcionam todas em regime de voluntariado e não há muitos voluntários”.
Mas, para o presidente da OpusGay, “ainda mais importante que organizar manifestações” é criar “uma lei contra os comportamentos de ódio”. “Temos que fazer com que o Governo aprove uma lei contra os comportamentos de ódio. Por outro lado, é preciso haver campanhas massivas contra a discriminação e pela diversidade”, defende.
O texto da petição hoje entregue é da autoria do académico francês Louis- Georges Tin. Para além da entrega do documento, a Associação Cultural Janela Indiscreta e as Panteras Rosas organizam uma sessão com visionamento de filmes e debate, na FNAC do Chiado, com as deputadas Ana Catarina Mendes, do PS, e Alda Macedo, do Bloco de Esquerda. À noite, no Largo Camões, será projectada uma montagem de vídeos de “Homofobia Explícita”, que registam agressões a manifestações de homossexuais na Europa.