Chama-se “a” FCDEF e não “o” FCDEF. “As pessoas normalmente até nem sabem o que é que quer dizer FCDEF. Umas dizem o FCDEF, outras o ‘Fazqdef’ ou outras o ‘Fezqdef’”, diz, com humor, António Marques, membro do Conselho Científico da faculdade, e avança uma explicação para o erro: “Dizer ‘o’ FCDEF talvez terá ficado do curso que deu origem à faculdade”.
Para que não hajam dúvidas: a FCDEF é a Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto. Só nasceu em 1989, mas o seu passado remonta a 1964, quando o curso de Instrutores de Educação Física foi criado. Cinco anos depois, o curso foi integrado na Escola de Instrutores de Educação Física do Porto. A revolução de Abril de 1974 obrigou, também aqui, a mudanças: em 1975 a escola dá lugar ao Instituto Superior de Educação Física e este é integrado na Universidade do Porto.
A FCDEF nasce então em 1989, aproveitando a publicação da Lei da Autonomia que permitiu às universidades portuguesas um reordenamento e redefinição de objectivos e prioridades. Portanto, a faculdade de desporto só tem 16 anos, mas em Dezembro de 2005 o curso de desporto vai comemorar 30 anos de integração na Universidade do Porto.
Ambiente relaxado com cultura de exigência
Não é uma faculdade normal para os padrões da Universidade do Porto. Tem instalações modernas e está totalmente equipada com todas as infra-estruturas de que necessita. Quase toda a gente anda de fato de treino e é usual ver alunos a percorrerem de chinelos os corredores largos do edifício. Além disso, ali dentro ninguém pode fumar. É um ambiente saudável e relaxado, como convém a um curso de desporto, mas de trabalho e rigor: “esta escola é muito exigente com os seus estudantes”, avisa o responsável do Conselho Científico da FCDEF.
Percurso de sucesso
“Aquilo que fizemos nestes últimos 30 anos é algo que avaliamos como muito positivo”, assegura António Marques, que lembra que começaram com “zero doutorados” e que agora já têm 44, formando “um corpo docente altamente qualificado”. O professor do FCDEF assegura que “o curso [de desporto da FCDEF] é o que está melhor colocado em Portugal, em termos de avaliação externa” e está optimista em relação ao futuro: “o corpo é um valor afirmado nas sociedades contemporâneas e por isso não perdemos influência”. No entanto, a FCDEF tem a consciência de que existe uma crise momentânea, porque a via do ensino “está numa fase já não tão aberta”, reconhece.
O presidente da Associação de Estudantes (AEFCDEF), Nuno Fernandes, concorda com o seu professor. “Sentimos que estamos numa fase de transição, da era do emprego estável e fixo para uma situação mais dinâmica”, lembra o aluno, acrescentando que, apesar disso, “existem outras áreas para explorar e nesse aspecto sentimos que a formação [da FCDEF] é boa e que permite abrir outras portas”.
São trinta anos de Universidade, em que a FCDEF “conseguiu cumprir a sua integração e assumir uma atitude claramente universitária, voltada para o ensino, para a investigação e para os problemas da UP”, reitera António Tavares. E explica que este sucesso não se deve só à “grande cultura de exigência” que é apanágio neste curso de desporto. “Tanto os estudantes como os docentes vestem a camisola e todos têm o prazer de ver o reconhecimento e projecção que esta escola tem no exterior”, conclui.
