O presidente do Conselho de Administração do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto acusa o Conselho de Prevenção do Tabagismo de falta de iniciativa. “Não temos reflexos concretos da sua acção contra o cancro. Não aparecem campanhas contra o cancro, não vejo qualquer tipo de iniciativas no sentido de diminuir o consumo do tabaco. Não estou a culpar o presidente, mas a instituição”, afirmou Artur Osório ao JPN, no final da sessão “O papel dos profissionais de saúde”, que decorreu no IPO, esta manhã, no âmbito do Dia Mundial Sem Tabaco.

Para o responsável do IPO, a realidade do tabagismo em Portugal é mais grave do que aquela que Manuel Pais Clemente caracterizou ao JPN. O presidente do Conselho de Prevenção do Tabagismo afirmou que “o número de fumadores em Portugal vai descer gradualmente” e que a descida já era visível. Já Artur Osório considera que “não existem estatísticas que comprovem essa diminuição”. “Há dados contraditórios. Os do Conselho de prevenção do Tabagismo são os únicos que dizem que o número de fumadores tem diminuído”, acrescenta.

O JPN não conseguiu obter uma reacção do Conselho de Prevenção do Tabagismo.

Protocolo entre IPO e Liga contra o Cancro

O Instituto Português de Oncologia e a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) assinalaram o Dia Mundial Sem Tabaco com a assinatura de um protocolo entre as duas instituições para reforçar a prevenção primária e secundária.

“A LPCC e o IPO do Porto trabalham muito ligados. Este protocolo é mais um dos que já foram assinados entre as duas instituições. Pretende unir as duas instituições no sentido de lutar contra o cancro”, afirma Artur Osório ao JPN.

O médico defende que o IPO tem que “sair dos muros do hospital e estar mais em contacto com a sociedade”. “Temos que ir junto das escolas, junto das camadas que estão em risco de começar a fumar”, afirmou na sessão. Artur Osório diz que a tarefa vai ser mais fácil com a colaboração da LPCC.

O presidente do Conselho de Administração do IPO do Porto defende que a diminuição do consumo do tabaco em Portugal passa pelo exemplo que os médicos dão aos doentes. “Cada profissional de saúde tem que ser um arauto da saúde. Não chega só ver os doentes. Há que dar o exemplo”, defende. Além disso, para diminuir o tabagismo há que “difundir a mensagem que o tabaco faz mal por acumulação. Se se fumar durante muito tempo, corre-se o risco de contrair cancro”, afirmou no final da sessão.

A prevenção como arma contra o tabagismo

Em Portugal, 19,2% da população é fumadora e 23,3% da classe médica fuma, segundo dados do IPO. Vitor Veloso, director da LPCC, diz que o consumo do tabaco “é responsável por 95% do cancro do pulmão. Desencadeia também outros tipos de cancro, como o cancro do intestino e da próstata”.

Da sessão de hoje de manhã no IPO do Porto saiu uma ideia consensual: a principal arma contra o tabagismo é a prevenção. As acções de sensibilização devem, segundo os especialistas, dirigir-se aos mais jovens e aos educadores. “A acção da LPCC dirige-se fundamentalmente aos mais jovens e aos professores. É por isso que neste momento existe o clube Caça Cigarros que integra cerca de 15 mil jovens. É importante para a prevenção do tabagismo”, defende o director da LPCC.

Texto e foto: Andreia Ferreira