O último concerto de Wim Mertens em Famalicão foi em Dezembro de 2002. Na altura, esgotou o Auditório da Casa das Artes daquela cidade. Agora, está de volta ao mesmo local para apresentar o novo álbum, “Un Respiro”, quadragésimo nono disco da longa obra deste músico e compositor minimalista belga, que completa 25 anos de carreira.

“Un respiro” é constituído por dez composições, com faixas rítmicas para dois pianos e duas vozes, todas elas tocadas pelo próprio compositor. Este novo projecto vem sublinhar a paixão de Mertens pela voz, que aparece não como um instrumento, mas como guia para piano, procurando sempre e apenas a expressão pura.

Este é o sexto álbum de estúdio do músico belga. O seu primeiro disco, “For amusement only”, saiu em 1980. Desde então, não parou de produzir, acumulando um currículo invejável: 49 discos editados, para além da participação em trabalhos de cinema e teatro.

São dele as bandas sonoras de “As cólicas de um Arquitecto”, de Peter Greenaway”, ou “Je pense à vous”, de Luc e Jean Pierre Dardenne. Além disso, ainda teve tempo para escrever um livro, “American Minimal Music”, o primeiro livro onde se reflecte sobre a escola americana minimalista e os seus compositores, como La Monte Young, Terry Riley, Steve Reich ou Philip Glass.

“Quero que a minha música seja tão popular quanto possível”

Numa entrevista ao jornal belga, “Het Nieuwsblad”, questionado sobre se via algum valor de entretenimento no seu trabalho (devido ao título do primeiro álbum, “For amusement only”, que em português será qualquer coisa como “Só para diversão”), Wim Mertens respondeu: “Espero que sim. Evidentemente, faz parte da minha ambição ‘maximizar a audiência´. Eu quero que a minha música seja tão popular quanto possível”.

Wim Mertens já chegou a gravar 10 discos de uma só vez, em 1994. Mas nem por isso se considera produtivo. Na mesma entrevista, o músico lembra que “Bach tinha que compor uma peça por semana”, o que, “na altura era prática comum”. Hoje em dia, afirma, “a indústria musical quer um álbum por ano, nem mais, nem menos”. “Se gravo sete CDs ao mesmo tempo, faço-o porque acho necessário”, acrescenta.

Wim Mertens está em Portugal para uma pequena digressão, na qual estão incluídas, para além de Famalicão, as cidades de Lisboa (dia 17, sexta-feira, no Centro Cultural de Belém) e Aveiro (no Sábado, dia 18, no Teatro Aveirense). Esta noite, actua na Casa das Artes de Famalicão, às 22h00.

Anabela Couto
Foto: Wim Mertens